Pequena aldeia do concelho do Sabugal ainda não tem rede de saneamento básico, mas já pode aceder gratuitamente à Internet
A estrada de acesso à localidade não é a melhor, a rede de telemóvel é escassa e o saneamento básico ainda está por chegar. Contudo, desde o último fim-de-semana que os habitantes de Ruivós, no concelho do Sabugal, têm acesso gratuito à Internet via wireless (sem fios), oferecido pela Junta de Freguesia.
Sinais dos tempos, diz o autarca local. «Assim, a aldeia fica mais moderna e é uma forma de ficarmos mais próximos de tudo», garante Lourenço Caramelo, enquanto revela que «a malta mais nova não parava de me perguntar quando é que a Internet ia entrar em funcionamento». De resto, em tempos de crise, esta é também uma benesse que as famílias agradecem, pois «as posses são poucas e isto é um bem para os mais novos, que ficaram todos contentes, e para os pais que deixam de pagar a Internet». Os mais velhos é que não deverão beneficiar muito com a inovação a não ser no bolso, reconhece o presidente da Junta que, aos 60 anos, confessa não perceber «nada e nem quero aprender a mexer nos computadores». Isto, apesar do filho mais novo ser «lixado» para lidar com as “máquinas”. A pequena aldeia tem cerca de 100 habitantes, «não chega bem», rectifica o autarca, que garante que, no Verão, a população «triplica» com o regresso dos muitos emigrantes, residentes, sobretudo, em França.
Por vezes até era difícil convencer os descendentes de quem está lá fora a lutar por uma vida melhor a virem até à terra dos seus pais ou avós, porque perdiam o contacto com seus amigos. Agora, esse problema está resolvido, uma vez que com a Internet gratuita poderão contactar com quem quiserem. «Já será mais fácil convencê-los a virem até cá e também é uma forma de eles se entreterem mais e passarem melhor o tempo na aldeia», refere. Aliás, a novidade já começou a chegar além-fronteiras. Marlene Leitão, que ficou «bastante contente» por agora ter “net” à borla na sua terra, adianta que já falou com uma prima em França e que uma das primeiras coisas que a familiar lhe disse foi que no Verão «já trazia o seu portátil». A jovem de 18 anos, que estuda em Aveiro durante a semana, conta também que, «como não poderia deixar de ser», já trocou ideias sobre a Internet gratuita com os outros jovens da aldeia e que «todos ficaram satisfeitos», indica, enquanto as janelas do seu “msn” vão piscando.
Se a “net” funciona na perfeição, até porque há uma antena em dois locais para haver sinal em qualquer ponto da localidade que dista 17 quilómetros da sede de concelho, falar ao telemóvel é que pode revelar-se uma tarefa complicada: «Lá vai apanhando. Há uns pontos em que se apanha melhor e outros pior, mas há sítios piores do que aqui», garante Lourenço Caramelo. Quanto ao saneamento, o presidente da Junta de Freguesia de Ruivós explica que ainda não há e que «cada casa tem a sua própria fossa». Questionado sobre quando prevê que a aldeia possa vir a ter os esgotos ligados à rede camarária, o autarca, que diz não estar disponível para continuar no cargo por não ter «vida para isto», salienta que já não será este ano. «A Câmara diz que quer resolver esse problema, mas temos de compreender que isto está mau para todos e que não há dinheiro por enquanto», considera.