Rui Ventura suspeita que as eleições para a presidência do PSD, agendadas para 10 de dezembro, não decorram com «transparência e liberdade de voto». A declaração polémica foi feita durante a apresentação da sua candidatura, na segunda-feira, quando o vice-presidente da Câmara de Pinhel desafiou Júlio Sarmento, o seu adversário e atual presidente da Assembleia Distrital do partido, a permitir que o voto dos militantes seja credenciado com a apresentação do bilhete de identidade ou cartão do cidadão.
Isto, «para não se “cacicar” os votos», declarou, lembrando que o regulamento eleitoral diz que basta dois membros da mesa para validar o voto. O que, na sua opinião, não será suficiente: «Ando há 25 anos no partido e sei do que estou a falar. Sei como se fazem as coisas, por isso nunca é demais haver transparência e esta proposta é a forma de se conseguir», justificou. Feita a sugestão, o candidato não se alongou na polémica perante uma sala repleta de apoiantes na sede distrital, na Guarda. A sessão transformou-se rapidamente em comício, com Rui Ventura a distribuir ataques a Júlio Sarmento e Álvaro Amaro. Ao primeiro acusou de liderar uma candidatura «de vida ou de morte, de sobrevivência política», garantido que está «em fim de ciclo, eu não estou». Ao segundo lembrou que, «em política, nem tudo são números ou se resume às vitórias».
De resto, os dois serão os rostos de um sistema «obsoleto e tolhido por projetos pessoais», onde os militantes «não têm voz e só são invocados quando são precisos para os votos». Perante este estado de coisas, o ex-presidente da JSD distrital assume que é hora de «renovar» e de «desafiar o sistema», construindo, «finalmente, uma verdadeira militância para voltarmos a ter um PSD motivado» para os próximos desafios. E para quem duvide das suas capacidades, recordou que, «apesar de jovens, já ganhámos eleições para o partido no distrito» – numa alusão às Câmaras de Pinhel e de Figueira de Castelo Rodrigo, cujo presidente da secção, Carlos Condesso, marcou presença na apresentação da candidatura. Quanto às autárquicas de 2013, Rui Ventura garante que vai respeitar a decisão das concelhias na escolha dos candidatos, sendo que na Guarda «a renovação também é um pressuposto para ganhar a Câmara».
Rui Ventura denunciou ainda ter sido pressionado «para não avançar» nestas eleições, nomeadamente por Júlio Sarmento, e disse contar com muitos apoios, que revelará oportunamente. Contudo, na segunda-feira, dezenas de militantes, sobretudo jovens, quiseram ouvir o candidato, que disse aos jornalistas ter estado na sede do partido «gente de Pinhel, Aguiar da Beira, Fornos, Celorico da Beira, Guarda, Mêda, Figueira e até de Gouveia».
Luis Martins
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