Rui Quinaz, antigo presidente da concelhia do PSD da Guarda, não tem dúvidas que o partido teria obtido melhores resultados no distrito nas últimas legislativas se a líder da distrital da Guarda não fosse Ana Manso. De resto, o militante encara com a «maior estranheza» as declarações da presidente social-democrata que, na noite das eleições, considerou haver «motivos para festejar» fruto do «bom resultado no contexto nacional». Nada disso diz Quinaz, para quem é «importante» o PSD garantir um candidato «credível e ganhador» para as próximas autárquicas. Atributos que não vê em Ana Manso.
Recorde-se que a líder do PSD, reeleita deputada na Assembleia da República, considerou ter «motivos para festejar» com os resultados das legislativas. Rui Quinaz discorda de todo: «Achei estranho, para não dizer caricato. É o mínimo que se pode dizer dessas declarações perante estes resultados», sublinha. Para o militante, os resultados do partido, a nível nacional e distrital, foram «muito maus» e os «piores de sempre» no concelho da Guarda, com «quase metade dos votos do PS e mantendo apenas quatro das 34 freguesias que detinha em 2002», constata. Aliás, comparando com a votação em 2002, verifica-se que o PSD foi «penalizado» no país, mas que na Guarda perdeu «ainda mais». Isto porque a queda foi de 11,45 por cento em relação às últimas legislativas, enquanto no distrito foi de 13,85 e no concelho de 15,35. Assim sendo, a Guarda contribuiu «negativamente» para os resultados nacionais do PSD, o que se torna «tanto mais grave» quando a Guarda «tradicionalmente contribui positivamente» para a votação. «Aquelas manifestações de contentamento dos dirigentes locais são por isso estranhas», refere, classificando de «irónico» face aos números que a presidente da distrital tenha dito que «recebeu elogios de vários quadrantes».
Comparando com o distrito vizinho, Quinaz verifica que a distrital de Castelo Branco já se demitiu por causa dos resultados conseguidos, mas «na Guarda as pessoas estão contentes», acusa. Contudo, confrontado com o eventual pedido de demissão da líder distrital, prefere dizer que não sabe se Ana Manso «devia ou não demitir-se», mas acredita que alguém terá que «tirar consequências destes resultados eleitorais». Assim, considera importante que o PSD apresente um candidato «credível e ganhador» para as autárquicas de Outubro. «É este o desafio de todos nós, o mais importante é o futuro e não o passado», diz, salientando que os resultados das legislativas são «relevantes para se definir o perfil desse candidato». No entanto, apesar de ter «naturalmente» uma opinião formada, prefere guardar para mais tarde o nome do seu candidato preferido. Por outro lado, Quinaz não hesita em afirmar que o PSD teria obtido melhores resultados no distrito se a líder da distrital não fosse Ana Manso. «Quanto a isso não tenho dúvidas», garante, até porque «politicamente, não há outra forma de apreciarmos as lideranças. É objectivamente, ponderando os resultados», frisa. De resto, o social-democrata ainda não esqueceu a forma como saiu da concelhia do PSD e, face aos resultados de 20 de Fevereiro no concelho, questiona: «De que serviu forçar a queda da anterior concelhia se apenas se conseguiu metade dos votos e ganhar em quatro freguesias? São factos que não abonam muito a favor da actual concelhia», contra-ataca.
Ricardo Cordeiro