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Rugby

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Estive numa longa viagem de avião, entre Las Palmas e Corck, a ler o “Courrier” sobre o rugby e essa fantástica prestação portuguesa que agora acontece. Há mais de 30 jovens portugueses que se lançaram num desafio extraordinário: vão fazer uma pega de caras a um conjunto de armários com pernas que são a selecção neo-zelandesa e a selecção da Escócia. Estes portugueses, que não são pequenos e não nasceram em Santarém, treinaram quatro meses para a pega que aí vem. O Touro são as referências do rugby mundial, destacando-se a compleição física e a velocidade. A rapaziada prepara-se para enfrentar um facto novo, são os amadores de uma competição profissional, e são amadores com orgulho. Foram treinar para o campo militar, depois para o Canadá e andaram no Algarve. Não bebem, não sexualizam, não fumam e tudo para ganhar físico e espírito de corpo. Há aqui alguma mentira, mas sejamos honestos, só o esforço os enobrece. Na primeira passagem os portugueses marcaram um ensaio e não perderam por 50. O adversário atropelou-os várias vezes e agora falta saber quantos sobreviveram para o próximo confronto. Já deve haver algumas clavículas doridas e costelas partidas. Mas a Escócia não passou sem réplica. Mais, os estádios estão cheios de emigrantes portugueses. Aqui faz-se história no desporto nacional, e nos mesmos dias em que Portugal joga basquete com as melhores selecções do mundo. Joga e perde, mas engrandece, porque é a primeira vez que ali cabe. E Portugal observa e sente com estes jovens, mas a RTP está noutra onda e não nos dá os jogos em canal nobre. Não compensa o esforço, a nobreza da dedicação, o entusiasmo destes “militantes” por causas desportivas. Aqui a TV não vê interesse, mesmo aquela que todos somos obrigados a pagar e onde a estupidez abunda. Alguma coisa acontece no meu coração, e não sei se é bom ou se é revolta, mas uma náusea vai e vem quando sou obrigado a ir à Sport TV.

Por: Diogo Cabrita

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