A Região de Turismo da Serra da Estrela (RTSE) demitiu-se da Associação de Turismo do Centro de Portugal (ATCP) por considerar «sectária e incompetente» a promoção externa feita por aquela entidade. A demissão surge a par da saída da Região de Turismo “Rota da Luz” (Aveiro).
Segundo Jorge Patrão, presidente da RTSE, «entre Janeiro e Outubro de 2006, houve 122 visitas de grupos de operadores turísticos e jornalistas da especialidade à Região Centro. Coimbra recebeu 50 grupos, enquanto a Covilhã, Guarda e Seia, as cidades mais importantes na área desta região de turismo, tiveram zero dormidas», criticou. Esta decisão foi tomada após o organismo ter recebido uma ameaça de expulsão da ATCP, por falta de pagamento de quotas. «É uma atitude incorrecta. Não pagamos quotas enquanto não nos forem entregues os documentos de gestão, conta e planos de actividades que pedimos por diversas vezes», disse Jorge Patrão, recordando que uma recente auditoria à ATCP obriga-a a devolver dois milhões de euros recebidos indevidamente do FEDER para a campanha de promoção “Lusitanea” «que sempre contestámos». E acrescentou: «Espero que o Estado tome medidas. Não acredito que continue a sancionar sectarismos».
Entretanto, o presidente da ATCP, Pedro Machado, anunciou já ter solicitado audiências ao secretário de Estado do Turismo e ao presidente do Instituto de Turismo de Portugal. «Estes pedidos de demissão, a meio de um contrato, abrem um precedente grave», defendeu, considerando, por isso, que a tutela se deve pronunciar. De resto, aquele responsável refutou as acusações, nomeadamente quanto às cartas de ameaça de expulsão. «A Associação de Regiões de Turismo já tinha pedido para cumprirem os compromissos em Julho de 2006. O próprio Instituto de Turismo de Portugal também tinha insistido, em Outubro de 2006. O que fiz este mês foi recordar o regulamento», justificou Pedro Machado. O responsável revelou ainda que a RTSE deve à Agência de Promoção cerca de 8 mil euros de uma quota total de 31.998 euros relativa a 2006, enquanto a Região de Turismo “Rota da Luz” deve pouco mais de 14.000 euros da quota anual de 57.502 euros.
No caso referido por Jorge Patrão sobre a passagem de agentes estrangeiros pela região de Coimbra, Pedro Machado garantiu que houve também visitas à RTSE. No entanto, «a marca Coimbra tem mais força para cativar agentes estrangeiros do que a marca Covilhã. E depois de virem a Coimbra, podem ir a outras zonas onde se calhar nem iriam de outra forma», sublinhou. Sobre a auditoria à campanha de promoção “Lusitanea”, organizada durante o Euro2004, a ATCP já respondeu ao relatório dos auditores, contestando as alegadas irregularidades administrativas detectadas. «Aguardamos agora o relatório final», adiantou Pedro Machado.
