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Rotundas na Guarda

À crónica fealdade urbanística da nossa cidade veio juntar-se um conjunto de rotundas, ou estruturas que permitem a circundação de veículos, as quais foram já baptizadas pelos guardenses com alguns epítetos. Vejamos então porquê.

Rotunda da Alameda, alias, “penso higiénico”, alias, “campo de mini-golf”. Assemelha-se a uma elipse amolgada. Dificulta o trânsito dos ligeiros e ainda mais o dos pesados e a sua cobertura monocromática deve ter sido idealizada por algum sportinguista ferrenho. Parece-me que, à semelhança de outros espaços verdes da cidade, a curto prazo se vai transformar num belo “ervado” onde, cães e gatos, vão adorar aliviar-se. Tem ainda a desvantagem de servir de rampa de lançamento para os condutores mais distraídos provenientes da rua Soeiro Viegas os quais, ao estilo holiwoodesco, correm o risco de esbarrar nas montras das lojas que a rodeiam, depois de terem sobrevoado os veículos provenientes da Rainha Dª Amélia. Consta que alguém com responsabilidades terá passado o dia inteiro a observar a forma como o trânsito (não) fluía a certas horas do dia e, ainda assim, terão insistido neste desenho pouco ortodoxo.

Rotunda do Vivaci, alias, “quadratura do círculo”. A primeira rotunda rectangular do país, do centro da qual saem e entram veículos (!). Feia como a noite escura, foi parida no cimo da rua Almirante Gago Coutinho e tem sido um transtorno à circulação automóvel, pelo que nunca aí deveria ter sido colocada. Inicialmente os veículos que saíam do estacionamento do Vivaci, tinham que fazer um círculo imaginário para poderem seguir em direcção à baixa da cidade, uma vez que se fizessem uma perpendicular, virando à esquerda, o diâmetro de viragem dos seus veículos não lhes permitiria executar a manobra à primeira. Problema semelhante afectava os condutores provenientes da Gago Coutinho e que, passando frente à entrada do Centro Comercial, pretendiam entrar no estacionamento. Qualquer leigo perceberia que a porção de passeio da Gago Coutinho, junto da rotunda, deveria ter sido reduzida, o que não aconteceu, e agora temos um estrangulamento na artéria. A solução actual, embora melhor, ainda obriga a um trabalho braçal para quem quiser entrar e sair deste parque subterrâneo, o que não me parece uma manobra natural. Facilitar um investimento sim, desde que o mesmo não implique mais uma desconformidade urbanística.

Rotunda da Dorna, alias, “esquizofrénica”. A primeira rotunda, ou equivalente, que, consoante o caso, pode obrigar um condutor a parar dentro dela para dar prioridade a outro que entra, ou a ter prioridade perante outro que pretenda entrar, fazendo a síntese entre as regras do código da estrada que pais e filhos aprenderam para a circulação no interior de rotundas, gerando confusão e empatando ainda mais o trânsito do que anteriormente.

Rotunda das Lameirinhas, alias, “monstrengo”, pelo exagero das suas dimensões, relativamente ao local em que está implantada. Está ainda em construção. Tem sido alvo de contestação, abaixo-assinado e correcções cirúrgicas. Ficamos à espera da decoração.

No meio deste caos, salvam-se algumas rotundas da VICEG, decoradas com motivos interessantes e variedade florística. Destaco, no entanto, a rotunda do Parque Industrial, não pelo que ela contém, mas pelo fantástico outdoor que a ladeia, que põe um sorriso malandro em qualquer homem, digno desse nome concreto e será motivo de inveja por parte de uma ou outra senhora menos favorecida pela natureza. Outdoors bonitos para camuflar a fealdade urbanística? Boa ideia! Toca a aplicar o remédio, que por cá, temos muito, mas mesmo muito, trabalho.

Por: José Carlos Lopes

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