A recobre é uma empresa imobiliária com anúncio a pedir funcionários. Vieram de todas as cores, muitos feitios, entre os que gritam e os que insultam e outros que nem compreendem a sua exclusão. Foi a semana toda a ver candidatos e ficaram quatro. Por razões de abreviatura dedicamos esta história à Rosa Valente, jovem de cabelo curto, pele morena, um busto saliente e rondando o metro e sessenta, sem tacões. Rosa foi responsável de vendas do bairro do Rosário e da zona da Rosa, coincidência que achou muito feliz. Colocaram-se os cartazes após a formação de 15 dias e Rosa começou a ver sua foto pelas varandas e janelas dos bairros de sua responsabilidade. «Com a crise há muitas casas» disseram-lhe. «Caramba, vejo-te por todo o lado Rosa» diziam com inveja algumas amigas. As casas surgem das insolvências, falências e desemprego. Como cada dia há mais, aqui está um negócio impressionante. E a recobre lançou mais e mais cartazes durante o mês de Maio. E Rosa, vendedora da recobre, tinha já mais cartazes que Lurdes e Roberto, candidatos do PS e do PSD à Câmara Municipal. Rosa achava-se bem nas fotos, os amigos brincando com ela, as luzes da fama nos cartazes e sem que ninguém o previsse Rosa virou candidata do CDS-PP. Rosa Valente que saiu dos cartazes da recobre para os da política é agora Presidente numa história estranha a que o Bairro do Rosário apelida de «a nossa candidata». Agora a eleita criou a brigada municipal que anda a retirar os cartazes que dizem “recobre vende Rosa Valente”.
Por: Diogo Cabrita
