Pela primeira vez, Viseu recebe uma extensão da Festa da Música, este ano dedicada à geração romântica de 1810, durante a qual serão interpretadas cerca de 36 obras de Chopin, Schumann, Liszt e Mendelssohn por mais de 150 músicos. Uma maratona de música clássica que vai decorrer nos dias 21 e 22, a partir das 19 horas, em quatro espaços distintos da cidade. O Teatro Viriato (Largo Mouzinho de Albuquerque), os Claustros do Lar Santo António (frente ao teatro), os Claustros da Sé (centro histórico) e o Clube de Viseu (perto do Rossio) são os palcos escolhidos.
O evento, da responsabilidade do Centre de Réalisation d‘Etudes Artistiques (CREA), de Nantes (França), vai na décima edição, realizando-se há quatro anos no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa. Contudo, esta é a primeira vez que o festival se alarga a outras cidades de Portugal, cabendo a Viseu inaugurar esta itinerância com 15 a 20 concertos, incluindo a interpretação de músicos estrangeiros e nacionais, a preços bastante convidativos, situados entre os 2 e 4 euros. O director artístico do Teatro Viriato, Miguel Honrado, que organiza o festival, disse em conferência de imprensa ter sido um «processo complicado» trazer a Festa da Música para Viseu, apesar de nos últimos anos se ter assistido, também em França, à sua descentralização para além de Nantes. «A vinda da Festa da Música deve-se ao apoio do CCB e da Câmara de Viseu, que se constituiu logo desde início como um parceiro», acrescentou o responsável. Em cada noite, três espaços acolhem três concertos, intervalados por 30 minutos, havendo assim a possibilidade de cada espectador criar o “seu” percurso musical e movimentar-se por locais como o Teatro Viriato, os Claustros do Lar de Santo António e da Sé ou o Clube de Viseu.
Intérpretes de renome internacional
A sessão viseense da Festa da Música destaca-se não só pelos locais em que irão realizar-se estes espectáculos, mas também pelos seus intérpretes, com destaque para alguns de renome internacional, como os pianistas Anne Queffélec, Brigitte Engerer, Elena Rozanova ou o português Pedro Burmester e o agrupamento coral Ensemble Vocal de Lausanne. Os cenários foram escolhidos para proporcionar uma comunicação mais envolvente entre os músicos e o público em geral, mas particularmente com os profissionais e os estudantes de Viseu através de uma parceria preferencial com o Conservatório local. Nesta perspectiva vão ser organizadas “master classes” e encontros entre os interpretes convidados, os professores e os alunos do conservatório. A organização pretende que haja assim durante estes dois dias um «enriquecimento humano e artístico», tanto por parte dos músicos residentes, como da comunidade viseense. Mas a Festa da Música também não esqueceu os pais, que poderão desfrutar dos concertos pois os seus filhos são convidados a entrar no universo de encantar de Sophia de Mello Breyner Andresen. O Serviço Educativo do Teatro Viriato organiza, por dois euros, sessões extra da exposição de Fernanda Fragateiro intitulada “Das histórias nascem histórias” para os miúdos poderem ver, ler, ouvir e sentir os mundos da poetisa.
Mas há mais. Para além da primeira edição da Festa da Música, estão ainda programadas diversas actividades paralelas, promovidas em parceria com o Conservatório Regional de Música de Viseu. Amanhã, a partir das 21h30, realiza-se um debate em redor da abordagem genérica do período romântico nas artes, em geral, e na música, em particular, focando especificamente instrumentos, géneros e países. No sábado, cumpre-se a segunda parte do debate, com a apresentação da geração de 1810, designadamente Chopin, Schumann, Liszt e Mendelssohn, com enfoque no piano como instrumento paradigmático do período romântico. Paralelamente a toda esta vasta programação de 17 a 20 de Abril, haverá animação na rua, intitulada “(Des) concertos na Cidade”, a cargo do grupo de alunos do Conservatório Regional de Música de Viseu. A organização adianta que serão disponibilizados para venda cerca de 2.510 bilhetes.
Patrícia Correia
