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Retiros políticos

Pois, Pois…

Autárquicas 2005. Admito que discutir este assunto a dois anos de distância é um exercício fútil. Com certeza por falta de assunto, o Terras da Beira e o Nova Guarda já lançaram inclusive várias candidaturas pelo PSD e pelo PS à câmara da Guarda. Não quero discutir as virtualidades dos potenciais candidatos. Queria só lembrar que Maria do Carmo Borges ainda é a Presidente de Câmara. E este pormenor faz toda a diferença. Passo a explicar. Em democracia, os políticos acabam invariavelmente mal. Ou porque, mais cedo ou mais tarde, acabam por perder eleições ou porque (menos frequente) caem nas malhas da lei. Quem vem a seguir, por questões de afirmação pessoal, renega ou tenta atirar para as catacumbas a sombra do seu antecessor. A palavra gratidão não consta do vocabulário político.

Não há políticos reformados, há políticos caídos em desgraça. O poder os faz e a ausência de poder os desfaz. Não há retiros voluntários – quando muito, há retiradas tácticas. Quem perde sai. Quem ganha continua.

Qualquer político experiente e minimamente inteligente tem consciência de tudo isto. Por isso, não tenham ilusões: quando chegar a hora, em condições normais, Maria do Carmo não resistirá a recandidatar-se. Acreditar no contrário é pura ingenuidade.

Retiro involuntário. O senhor Luís Costa, dentista e vereador da oposição, decidiu fazer um Mestrado em Saúde Pública numa universidade de Lisboa. Acho muito bem. É sempre bom sabermos que ainda há políticos que se preocupam com a sua formação pessoal. Infelizmente, esta louvável ambição colide com as reuniões do executivo às quartas-feiras. Vai daí, o senhor vereador apelou à compreensão da maioria de maneira a alterar as ditas reuniões para segunda-feira – trata-se, aliás, de uma velha reivindicação de Ana Manso. Maria do Carmoé que não se mostra muito sensível a estes dramáticos apelos. Luís Costa está muito desolado com a senhora Presidente e acusa-a de – por favor, não se riam – falta de “bom senso político e disponibilidade intelectual e democrática.”

Eu se fosse o senhor Luís Costa não me preocupava tanto com o assunto. Para ser vereador da oposição não é necessária nenhuma preparação especial e, por isso, Teixeira Diniz (o homem que se segue)) serve perfeitamente para o efeito. Até porque estou convencido que o ainda vereador pode ser muito mais útil à comunidade se se dedicar em exclusivo a tratar da nossa saúde dentária.

Sala de espectáculos. Segundo o Terras da Beira (20/11/03), a nossa Presidente de Câmara tem andado a auscultar alguns vultos da cultura local com o intuito de recolher as suas sábias opiniões sobre o destino a dar à “obra que vai marcar uma viragem no plano cultural da cidade e da região.” (Maria do Carmo dixit) Não é por nada, mas dá-me a impressão que a senhora Presidente tem andado este tempo todo a ouvir as pessoas erradas. Senão, vejamos. A inauguração está prevista para o próximo aniversário da cidade e ainda não há um modelo de gestão definido. Mais, parece que ainda não ocorreu à senhora Presidente que não temos nem “cultura”, nem dinheiro, nem recursos, nem público suficientes para encher tantos espaços culturais – o que é que se vai fazer por exemplo ao Paço da Cultura? Esta imprevidência não me espanta. Afinal, estamos em Portugal, a terra do improviso e do logo-se-vê, o que é meio caminho andado para o desastre.

Por: José Carlos Alexandre

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