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Requalificação urbana

A Requalificação Urbana é uma área relativamente recente do Planeamento Local que está associada à evolução da disciplina do Urbanismo, ao interesse crescente pelo património histórico e ao processo de desindustrialização das cidades – Será isto que existe na nossa cidade? Não, pois continuamos a dar pouco ênfase ao património histórico edificado, fazem-se umas obras apelidadas de requalificantes mas depois verifica-se que nada têm na missão edificante do existente, onde a Guarda é incrivelmente rica, pois não se promove, não se “elegantiza”, não se sabe vender e por conseguinte não se tira proveito do que existe. Por outro lado, este entendimento de renovação urbana apenas se prendeu ao património dominante, Sé Catedral, Praça Velha, Judiaria e o resto? Na verdade, o centro histórico apenas se tornou objeto prioritário numa ação, algo contestável, quer em gosto, quer em escolhas de materiais, pelo programa Polis e agora, tanto que ficou por fazer… quem faz? Que projetos falharam? Quem não cumpriu? Alguém foi penalizado? A Guarda certamente.

Partindo da premissa de que espaços públicos são ambientes vivos, palco de encontros e manifestações populares, que possibilitam às pessoas assumirem identidades que as definem diante dos outros e de si mesmas, poderíamos fazer uma monitorização à requalificação urbana da Guarda no sentido da compreensão da dinâmica de apropriação para o lazer nestes locais, desvendando quem são os usuários, quais são os fatores motivacionais para o uso e não uso de espaços públicos urbanos – Terá sido isto feito pelos responsáveis da nossa cidade? Não, contam-se pelos dedos de uma só mão os eventos da autarquia no sentido da sua dinamização, não fosse a ação do TMG, (Ah! Claro o TMG…. pertence ao município!), porém lamentavelmente deixam de ser contáveis, pela mesma medida, os espaços públicos da cidade que estão votados ao abandono: Jardim José de Lemos – o espaço de circulação pedestre no seu interior é vergonhoso, porém é de todos o mais frequentado, em especial pela exposição solar; Largo da Igreja de São Pedro – qualquer turista ou mesmo guardense tem dificuldade na utilização deste espaço, há bancos que foram removidos e ali já não existem e que permitiam alguma contemplação, ao invés temos um amontoado de carros estacionados para a esquerda e direita que nem permitem o correto visionamento do sentido da estrada para os condutores; Largo da Igreja de S. Vicente – estaciona-se, não se estaciona, ou é apenas em alguns dias…. Acabe-se com isto, tem que existir uma posição vertical quanto à política de mobilidade rodoviária neste espaço que foi alvo de requalificação e que não se consegue cumprir com a sua vitalização, as obras não se podem fazer por fazer é necessário depois dar-se o “empowerment” necessário para que cumpram as premissas sociais; Parque Municipal? Uma vergonha… Já para não falar dos pequenos espaços públicos criados nos bairros urbanos da cidade e dos que AINDA aguardam a sua edificação…aqui é inércia.

É urgente a implementação de um marketing urbano, em parte através de iniciativas ligadas ao lazer e ao turismo, pois o património cultural deverá ser tido em conta pelas estratégias de turismo… Porém, há hoje na Guarda um espaço público dignificante que congrega o lazer à atividade desportiva passiva. Refiro-me ao parque do Rio Diz, que tem de facto cumprido com alguns dos objetivos principais de espaço público, no qual as pessoas vão para realizar atividades individuais ou em grupo, tornando-se com frequência, o lugar da novidade, do inesperado, o lugar onde se dá o social também como espetáculo que permite aos indivíduos assumirem identidades, desempenhar determinados papéis e, até certo ponto, escolher os enredos dos quais desejam participar, verdadeiramente tem mudado hábitos em todos os que o utilizam, especialmente no que concerne à atividade passiva desportiva, já que durante todo o ano as pessoas caminham numa atitude saudável e social. Porém, a autarquia tem problemas que não foram resolvidos em sede de obra…. É verdade mais uma fatura de luz que a nossa autarquia suporta mensalmente desde a primeira fase da obra, pois não foi ainda colocado um contador de consumos de luz ao espaço ocupado por um privado mesmo dentro do espaço físico coberto designado por Popis no Espaço… Erro a manter até quando? E já agora, a Guarda agradece à autarquia a recente colocação do Transformador Novo no Centro Escolar da Sequeira.

Por: Cláudia Teixeira

* Deputada eleita pelo CDS-PP na Assembleia Municipal da Guarda

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