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Requalificação de mais uma rotunda volta a gerar discussão

Segunda fase da rotunda da Dorna pode custar mais de 98.500 euros, mas projecto depende de uma escultura que não tem financiamento

A primeira fase da rotunda da Dorna, na Guarda, está quase concluída e segue-se agora a sua ornamentação. Este foi um dos assuntos em discussão na última reunião do executivo e teve o voto contra dos dois vereadores do PS.

A primeira fase tinha sido adjudicada por 123 mil euros, mais IVA, e a proposta da autarquia para a segunda tem custo previsto de 98,5 mil euros, mais IVA, o que levou Joaquim Carreira a concluir que são «500 mil euros só para o tratamento da rotunda». Mas um alegado erro no projeto apresentado aos vereadores nesta sessão levantou outras questões. Isto porque no documento constava a preparação do espaço para receber uma escultura «já encomendada antes de ser aprovada», considerou o socialista. Contudo, no final da reunião Álvaro Amaro esclareceu que tudo não terá passado de «uma questão de português». O autarca adiantou que já viu a maquete de uma escultura que lhe agradou, mas afirmou que «nada está decidido» e que o projeto apresentado será uma «preparação» para receber o novo adorno. E que a candidatura será apenas para esse mesmo projeto, sendo que a decisão da escultura a colocar, com um custo previsto de 29 mil euros, ainda está «em aberto», pois não se sabe se terá financiamento.

«O projeto da rotunda está condicionado pelo que se quer colocar em cima», sublinhou o presidente da Câmara. Relativamente à ornamentação das rotundas, já por diversas vezes foi contestada pela oposição, Álvaro Amaro considera que é apenas uma forma de as tornar «mais bonitas, mais atrativas» e que a «condição é obter financiamento, para que apenas se pague 15 por cento». Esclarecido o mal-entendido, Álvaro Amaro acabou por adiantar que o assunto será retirado na próxima reunião de Câmara, reiterando que a escultura «ainda não está feita». Mas não evitou a polémica, com Joaquim Carreira a lamentar que a Câmara «não dá conta da encomenda ao restante executivo». O vereador lembrou que «são-nos apresentadas candidaturas sistematicamente, e não existe um único documento que comprove essa candidatura, nem a aprovação». E acrescentou: «Não sabemos se a Câmara tem dinheiro e se a candidatura abortar vai ter de pagar». Para o socialista, mesmo que a candidatura seja aprovada «aquele dinheiro poderia ser aplicado em algo mais útil», como as antigas piscinas municipais ou o antigo matadouro, «que estão ao abandono», exemplificou.

Joaquim Carreira chegou mesmo a falar de uma governação «populista», comparando-a aos mandatos de Álvaro Amaro na autarquia de Gouveia, onde apenas «ficou ferrugem», afirmando que este tipo de obras «não resolve o problema de quem está desempregado». Nesta reunião, o vereador da oposição pediu para ter acesso aos documentos que permitam saber «que obras estão pagas e quais as que estão por pagar». Irónico, disse mesmo que estranha «o atraso das obras, que estão sempre a parar, e já não é por causa do gelo».

Guarda quer Museu do Emigrante

Também em discussão esteve a segunda fase da reabilitação do antigo edifício dos Paços do Concelho, que contou com a abstenção do PS, por considerarem que a nova fase «surge de uma avaliação à obra e são intervenções que já eram esperadas», entre elas a da fachada manuelina, que «já é referida numa das providências cautelares». Relativamente à aquisição de serviços de manutenção e conservação de espaços verdes públicos, a oposição absteve-se mais uma vez, usando novamente a justificação de que «a Câmara tem condições para assumir este serviço, podendo evitar uma despesa de 128 mil euros».

Antes da ordem do dia falou-se do Bairro da Fraternidade, com Joaquim Carreira a questionar uma «requalificação urbana para a qual não há financiamento», lamentando que se vá «empurrando o assunto, porque não são 500 ou mil pessoas afetadas, são só 19 famílias». Álvaro Amaro partilhou as preocupações do eleito do PS e adiantou que está a ser analisada uma alternativa com o Governo e o IHRU (Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana), mas que por agora «não há financiamentos», deixando a garantia de que o lema será «construir, alojar e só depois deitar abaixo».

Álvaro Amaro falou ainda da intenção de criar um Museu do Emigrante na Guarda, algo que os socialistas apoiam embora lamentem que projetos antigos, como o Museu das Fortalezas de Fronteira «fiquem na prateleira». O edil explicou que o projeto se enquadra nos objetivos do Quarteirão das Artes e Museu da Cidade, justificando que a emigração «também faz parte da cidade e é uma homenagem aos emigrantes».

Ana Eugénia Inácio Escultura pretendida tem um custo 29 mil euros

Comentários dos nossos leitores
antonio vasco s da silva vascosil@live.com.pt
Comentário:
Faz falta um candidato independente que apresente um projeto a pensar nas pessoas desta cidade. De resto, aquilo que se vê é que vivemos reféns de um sistema doentio e viciado, sem alma. Sei que não é fácil apresentar uma candidatura independente dado que o sistema está podre.
 
Mike mikealfa@hotmail.com
Comentário:
Amaro destruiu Gouveia e leva a Guarda pelo mesmo caminho, sem um investimento que aumente riqueza e valorize o tecido empresarial da Guarda. Uma desgraça para a Guarda, investimentos ruinosos que pagamos com IMI e taxas usurárias e não devolve nem um cêntimo de IRS. Porque residir na Guarda?
 

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