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República das Bananas

Dizia-me alguém, há uns anos, que “na Guarda quem está próximo do poder mama e quem não está vê mamar”. Outra pessoa dizia-me que uma Câmara como a da Guarda se torna facilmente inexpugnável, fruto da força das clientelas dos grandes partidos e do poder dos votos dependentes, direta ou indiretamente, do Estado. Sabem isso as empresas que fornecem a Câmara ou lhe prestam serviços e querem continuar a fazê-lo, sabem-no também os que conseguiram emprego recentemente graças às suas filiações partidárias e sabem-no os seus familiares. Isto, que é “bom” para a Guarda, é válido infelizmente para a maioria dos concelhos do país. Quem anda pela área do poder mama, quem não anda vê mamar. Em cada ciclo, é verdade, vão mudando as moscas – mas o princípio mantém-se.

Repararão que nesta edição de O INTERIOR não há publicidade paga pela Câmara Municipal da Guarda. Se tiverem acesso às últimas edições do jornal repararão no mesmo e podem prolongar a pesquisa por muitas dezenas de semanas, com o mesmo resultado. Feira Farta, Noites Brancas e muitos outros eventos foram divulgados na imprensa regional, mas não aqui. O mesmo com concursos públicos e anúncios institucionais. Porquê? Se considerarmos que uma divulgação se pretende, por princípio, que chegue ao mais vasto público que seja possível, é difícil compreender que seja sistematicamente excluído o jornal local com maior tiragem da região (só com o Expresso são distribuídos semanalmente 4800 exemplares). Será então por incompetência de quem decide onde publicar esses anúncios? Ou, pior, será porque este jornal tem publicado notícias e opiniões contrárias aos interesses do “regime”?

Estas questões levantam outras, mais inquietantes, e que deveriam preocupar todos aqueles a quem importam os negócios da cidade. É que se são esses os opacos critérios para a simples publicação de anúncios institucionais, de valor relativamente diminuto, como será nos contratos em que estejam em jogo milhões de euros?

Por: António Ferreira

Comentários dos nossos leitores
Mike Mikealfa@hotmail.com
Comentário:
As avenças e publicidade é para a clientela, falem só amen, os cantores vieram á cidade pagos pelo povo mas tiveram de pregar aos 4ventos que Amaro era o melhor. O fascismo não fazia o mesmo? Onde estamos?
 
Lurdes Costa mlurdesc@gmail.com
Comentário:
Gostei mesmo, Amen.
 

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