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Renovar, e já

Editorial

1. As últimas semanas tiveram um estranho alarido sobre o Orçamento. Em primeiro lugar, porque o “esboço” apresentado em Bruxelas passou a ser mais importante do que a sua posterior apresentação na Assembleia da República – devia ser ao contrário. Isto sucedeu porque os opositores do governo de António Costa consideram o orçamento pouco credível e queriam que a Europa o chumbasse. E isso até pode ser compreensível à luz do debate partidário, mas não é aceitável que esses dirigentes e comentadores rejubilem por um eventual novo resgate ou mais austeridade. Ver Jorge Braga de Macedo a defender que Bruxelas deve tratar Lisboa com mais severidade agora que o governo português não está alinhado com a ideologia dominante na Comissão porque tem apoios de “partidos antieuropeístas” é um ataque ignóbil aos interesses nacionais. Afinal, Bruxelas fez o óbvio. Recordou os compromissos, exigiu o cumprimento de regras e aceita o caminho defendido pelo governo português, ainda que impondo nuances e receitas extra. É verdade que a carga passa para o lado dos impostos indiretos, mas quem tem rendimentos mais baixos fica aliviado. Também é verdade que algumas das “reversões” impostas pelo Partido Comunista e o aumento de despesa, nomeadamente de salários, terão de ser pagas por esses impostos indiretos, mas feito o balanço é a metade de portugueses que ganha menos quem sai a ganhar – muitos continuam a não compreender que quem ganha mais de 2.000 euros é rico (e quem aufere mais de 1.200 está bem acima da média), pois mais de metade dos trabalhadores portugueses ganha menos de 850 euros por mês.

2. A Câmara da Guarda apresentou um plano para o «renascer da Guarda», que pretende dar um novo lustro à cidade e qualificar a urbe. Assim, vai lançar o concurso público para a empreitada de requalificação das ruas do Comércio e Augusto Gil e aprovou a adjudicação da elaboração dos projetos finais de requalificação urbana do denominado eixo central da cidade, entre o Largo da Misericórdia, Torre dos Ferreiros e Jardim José de Lemos, e o parque municipal.

As intervenções previstas só pecam por tardias e o que não se entende é como os anteriores executivos, que levaram a Câmara da Guarda a um endividamento de milhões, não promoveram estes ou outro projetos de requalificação de ruas e a melhoria significativa da vida na cidade – através do seu embelezamento e qualificação urbanística.

Aliás, recordar que em 2001, a propósito do aniversário da cidade da Guarda, o Jornal O INTERIOR fez um “especial” com várias propostas de qualificação urbana que então não mereceram crédito por parte da autarquia – ainda que tenham servido para o então presidente da Assembleia Municipal, José Igreja, brilhar utilizando as nossas ideias no seu discurso do dia da cidade. Entre outras, sugeriu-se a completa renovação do Largo da Misericórdia/Praça de táxis e também a cobertura da Rua do Comércio (não são coincidências, são espaços a necessitar intervenção), com desenhos e memória descritiva de Salete Marques, no primeiro caso, e de Maurício Vieira, no segundo. Mas apresentámos então outras sugestões, para outras zonas, com desenhos e argumentos com a colaboração dos arquitetos António Saraiva, Cláudia Quelhas, João Cláudio Madalena, Joaquim Carreira, Fernando Lopes ou Aires Almeida. Antes como agora, esperamos que a implementação deste projetos seja célere e possa contribuir para uma melhor fruição da cidade.

Luis Baptista-Martins

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