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Reflexão em Português

Agora Digo Eu

Dentro de três décadas a língua portuguesa vai ser falada por 350 milhões de pessoas.

Para além do orgulho que isto representa, o assunto é deveras importante neste mundo onde vivem 7 mil milhões de almas e a língua materna é falada por 3,6% da população mundial, percebendo que quase 4% do PIB do globo é “português”, sendo também, e já neste momento, a quarta língua mais falada neste mundo globalizado.

O Brasil é o quinto país mais populoso do mundo, sendo que a CPLP ganha destaque na fixação e aprofundamento de políticas em Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, S. Tomé e Príncipe, Timor Leste, Brasil, havendo ainda focos que falam a nossa língua na Índia, na China, nalgumas ilhas do Pacífico e nas comunidades portuguesas espalhadas pelos quatro cantos. Isto sem esquecer que, em 2014, a Guiné Equatorial pediu a adesão à Comunidade de Países de Língua Portuguesa, pese embora no país do ditador Teodoro Obiang, onde os interesses familiares são mais que muitos, a pena de morte impera e a falta de respeito pelos mais elementares direitos humanos é uma constante, ninguém fala português, havendo apenas uma língua crioula que tem por base algumas palavras lusas e onde o português não consta do universo de línguas faladas ou escritas naquele país africano.

Curiosamente, ou talvez não, existe um país que não tem idioma oficial, de seu nome constitucional República Oriental do Uruguai. Faz fronteira com o lusófono Brasil e a castelhana Argentina e no início do século XIX fazia parte do reino unido de Portugal, do Brasil e dos Algarves. É um país democrático, respeitador dos direitos humanos, tendo pedido para ser observador na CPLP, pois não sendo uma nação assumidamente lusófona, grande parte da população fala a nossa língua, pois o ensino do Português é obrigatório a partir do 6º ano de escolaridade.

O Português, sendo já a quarta língua mais falada em todo o mundo, ainda não é reconhecida nas instâncias internacionais, caso da ONU, pois das seis línguas oficiais, o português ali não existe. Oxalá o eleito secretário-geral António Guterres possa convencer a maior organização política mundial a assumir o Português como uma das línguas oficiais.

A CPLP tem nesta matéria muito trabalho a fazer na pesquisa e aprofundamento da língua a fim de a não tornar subserviente a dialetos ou acordos que efetivamente a alteram e adulteram.

E se cessar tudo o que a musa antiga canta, poderemos assumir as cacofonias, os pleonasmos, as hipérboles, as metáforas, os eufemismos como figuras do nosso Português, refletindo todos os dias no bom Português onde a aventura e o fado ganham destaque de alma pura e sã.

A língua é indiscutivelmente um fator de afirmação. Que seja o Português a falar mais alto e este cantinho à beira mar plantado, com os seus quase nove séculos de existência, continue e aprofunde essa presença que um dia deu novos mundos ao mundo.

Foi assim que escrevemos a História. Foi esse o nosso destino. É assim que devemos saber agora reescrevê-la. E é esta presentemente a nossa missão.

Por: Albino Bárbara

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