«No terreno é que se conhecem os problemas». Este tem sido o mote para o desenvolvimento do trabalho da Rede Social do concelho da Guarda, instituída a 30 de Julho do ano passado, e que tem passado “a pente fino” a região, com o intuito de compreender a sua realidade social. Na passada sexta-feira foram aprovados, na IVª Sessão de Plenário da Rede, 19 novos membros que, a partir de agora, participarão activamente no processo de “retratar” fielmente o concelho.
A maioria dos membros recém-chegados são juntas de freguesia, mas também se encontram na lista a ACAPO Guarda, a Associação de Beneficiência e Solidariedade Social de Avelãs da Ribeira e o Centro Social e Cultural de Valhelhas. Na reunião foram identificadas quatro áreas problemáticas no concelho, nomeadamente a empregabilidade, o apoio social, a promoção e fixação da população e a promoção da saúde. Foi considerada como «prioritária» a intervenção na falta de investimento empresarial, na carência de equipamentos sociais, na desertificação e no alcoolismo e toxicodependência, realidades que afectam a região.
Do pré-diagnóstico, aprovado a 30 de Maio deste ano, saíram conclusões tão diversas como a existência de freguesias rurais que perderam, entre 1991 e 2002, mais de 30 por cento dos seus habitantes, a evolução negativa da população jovem e o consequente envelhecimento populacional. Na saúde, foram identificadas carências ao nível da Pediatria e Urologia, cujo pessoal não consegue responder às necessidades da população do concelho. Verificou-se, nos últimos anos, um decréscimo dos estabelecimentos de ensino devido à diminuição do número de alunos em todos os graus de ensino, à excepção do pré-escolar. Outra das conclusões verificadas aquando da realização deste pré-diagnóstico diz respeito ao desemprego. De uma forma geral, a percentagem da população activa no concelho é inferior à população inactiva e, entre 2003 e 2004, o desemprego aumentou 0,1 por cento, com particular incidência no sexo feminino. Da população desempregada, 34 por cento possui quatro ou menos anos de escolaridade e no contexto do distrito, o concelho da Guarda apresenta a maior percentagem de desempregados. No que se refere ao alcoolismo e à toxicodependência, o concelho apresentava em 2003 o maior número de bebedores excessivos em relação aos restantes concelhos do distrito. No CAT da Guarda verificou-se um aumento dos utentes activos (132 em 2003 para 202 em 2004).
A Rede Social pretende identificar as necessidades, os problemas prioritários e respectivas causas, assim como levantar os recursos e potencialidades locais que podem constituir oportunidades ao desenvolvimento. Depois de uma primeira fase de pré-diagnóstico social, que teve como objectivo a recolha de informação existente em cada concelho, a Rede lança-se agora na elaboração de um diagnóstico efectivo dos problemas e necessidades do concelho, através da técnica “nuvem de problemas”, que facilita a obtenção de visões partilhadas das situações, através de trabalhos de discussão em grupo e dinamizada pela Associação de Desenvolvimento Rural da Serra da Estrela (ADRUSE). Depois de elaborado o diagnóstico social definitivo, a Rede passará para a criação de um plano de desenvolvimento, definindo objectivos e estratégias para a elaboração de um plano de acção, que consistirá na implementação de programas e projectos e efectivos.
