A Câmara de Almeida apostou forte nas comemorações do bicentenário do cerco da vila amuralhada pelas tropas de Napoleão e a recriação histórica, que conheceu o seu ponto alto na manhã do último domingo com a conquista da fortaleza pelas tropas de Napoleão, obteve o sucesso esperado. Ao todo, ao longo dos quatro dias das comemorações do cerco da praça-forte ocorrido há 200 anos, a autarquia estima que terão passado pela vila «mais de 10 mil pessoas».
No domingo, foram várias as centenas de curiosos que não quiseram perder pitada dos combates que tiveram como pano de fundo a fortaleza e a antiga praça-forte. No campo de batalha houve muitos disparos de espingarda, tiros de canhões e mesmo combates corpo-a-corpo com baionetas, mas tudo acabou em bem e mesmo os soldados “mortos” no campo de batalha rapidamente se levantaram e continuaram a combater para gáudio da numerosa assistência que gostou do que viu. Sara Fraga, veio de Mangualde para assistir à recriação e não deu o tempo por mal empregue: «Gostei bastante. A batalha está muito bem recriada e há muita gente empenhada nisto. O facto de estar disperso pela muralha penso que será uma tentativa de fazer o mais próximo possível da realidade», sublinhou. De Jaen, na Espanha veio José Maria, que participou como recriador, e confessou gostar «muito de participar na recriação de Almeida», onde já vem há três anos consecutivos. «É uma povoação muito bonita, o ambiente está muito curioso e é muito bonito. Gosto da terra e sempre que posso volto», revelou. Também as pessoas da terra ficam agradadas com o invulgar movimento registado nesta altura do ano, não perdendo a oportunidade para assistir à recriação. Maria Luísa considera que a deste ano, «talvez por se assinalar o bicentenário está melhor e muito bem feita», elogiando o «envolvimento de mais gente». De resto, «como almeidense que sou gosto de ver tanto movimento na terra e havia de ser mais do que uma vez por ano», realçou. Também Maria José Loureiro, classifica como «positiva» a recriação, «na medida em que envolve muita gente». «Traz gente de vários pontos do país e a nível comercial também terá a sua vantagem», afirmou, sustentando que «a deste ano ainda está mais grandiosa» e «é inigualável em relação a anos anteriores».
A recriação foi protagonizada pela Associação Napoleónica Portuguesa e outras agremiações do género provenientes de Espanha, França e Inglaterra, envolvendo cerca de 600 pessoas. O presidente da Câmara de Almeida não podia estar mais satisfeito com o «sucesso» alcançado com as comemorações do bicentenário do cerco da vila, no seguimento de uma aposta que «vem sendo feita há uns anos» e que é preparada com «muito cuidado» e que «envolve muito trabalho». Baptista Ribeiro assegurou estar «satisfeito e orgulhoso» por Almeida ter sido palco de um evento que «projecta o nome» da vila. «Almeida tem que viver também disto. Não necessariamente só disto, mas apostar no turismo cultural e naquilo que temos de único para oferecer, nas nossas Casamatas, no nosso Museu e nestas muralhas bem conservadas. Almeida merece uma visita e que as pessoas fiquem por mais que um dia», reforçou. No final, “ressuscitados” os mortos e tratados os feridos, todos os soldados se reuniram e confraternizaram juntos.
Ricardo Cordeiro