O tema está na berlinda e parece-me que, desta vez, vale a pena bater no ceguinho.
Raríssimas: grau superlativo absoluto sintético do adjetivo raro, no feminino e no plural.
Segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, são as seguintes as definições para “raro”:
1. Que não é comum.
2. Que não é abundante.
3. Que não é frequente.
4. Pouco espesso ou pouco denso.
5. Excêntrico; extravagante.
6. Que tem muito mérito; extraordinário.
Gostaria que fosse de facto incomum esta forma de estar no mundo associativo do meu país. Gostaria que todos aqueles que se dão aos outros não caíssem em tentações de ostentação e de laivos de arrogância, como parece ser o caso. Ademais, neste caso, em que a senhora presidente só o foi porque, infelizmente, tinha um filho com uma doença rara. Filho que, aliás, viria a falecer. Não fosse por mais nada e, respeitando esse ente querido, deveria ter pudor e honrar a sua memória.
É abundante a quantidade e a qualidade de dirigentes associativos deste país. Que este caso não sirva para manchar todo o trabalho que, não raro em substituição do Estado, vêm fazendo. É que, lá diz a sabedoria popular, num rebanho há quase sempre uma ovelha ranhosa…
Gostaria que não fosse frequente esta coisa de o exercício do poder levar a comportamentos de quero, posso e mando. Até porque, se o ridículo matasse, a senhora presidente, autointitulada a autoproclamada “senhora doutora”, já estaria debaixo de sete palmos de terra há muito.
Gostaria que fosse pouco espesso ou pouco denso o ror de compadrios que parece existir entre o poder associativo e o poder político numa coletividade cujos fins são do mais altruísta que se possa imaginar e cujo mérito ninguém de boa-fé poderá pôr em causa. Tal como gostaria que ser espesso e denso não significasse, como parece significar, esconder do grande público atitudes e comportamentos condenáveis não só à luz da lei (para isso lá estão os tribunais para julgar), mas também, e sobretudo, à luz da Ética e da Moral.
Gostaria que estes comportamentos excêntricos e extravagantes o fossem resultando em mais valias para a prossecução dos objetivos, coisa que, indubitavelmente, parece não acontecer.
Gostaria, e já que estamos em época natalícia, aqui mais em tom de voto para o futuro, que este tenha sido apenas um caso extraordinário de alguém ou alguns a quem o poder parece ter vendado os olhos e toldado a razão. Gostaria que o ordinário, na aceção de comum, fosse o associativismo puro em que os dirigentes assumem uma posição de altruísmo sem jogos de interesses nem objetivos pessoais pouco claros ou mesmo inconfessáveis. Um associativismo que fosse apenas o exercício puro da cidadania.
Já agora, para por fim ao escrito, declaro que sou dirigente associativo há quase quatro décadas, nunca fui ao Brasil, não tenho nenhum BMW e nunca vesti um fato Armani…
Por: Norberto Gonçalves