A multinacional Randstad vai abrir um “contact center” na Guarda, ocupando o pavilhão do parque municipal que em tempos acolheu um “call center” da Adecco.
Este serviço prestará apoio a clientes da SFR, uma empresa de telecomunicações da Altice, nova dona da PT, em França. Segundo o protocolo assinado na segunda-feira com o município, a autarquia compromete-se a investir cerca de 180 mil euros na adaptação e equipamento do edifício e vai cobrar uma renda mensal de 670 euros durante cinco anos, o prazo deste acordo. Com este projeto, a empresa líder mundial em recursos humanos e serviços de apoio pretende criar 180 postos de trabalho, sendo que o “contact center” deverá arrancar em julho com 36 pessoas. Na cerimónia, Álvaro Amaro classificou o momento como «um dia muito grande para mim, como presidente da Câmara» e acrescentou que este protocolo «é um prémio ao labor e dedicação que todos temos que colocar a cada momento para conseguirmos crescimento e emprego».
O autarca sublinhou o «nome firmado» da Randstad no mercado e o contrato que esta vai desenvolver para a Altice. «O segundo “contact center” deste projeto é na Guarda porque o primeiro fica na terra natal do acionista português da Altice, em Vieira do Minho», disse, adiantando que as obras a efetuar no pavilhão do parque municipal terão que ficar concluídas em dois meses. «O “contact center” vai abrir em julho e não queremos falhar», afirmou. Segundo Álvaro Amaro, esta intervenção custará «entre 170 mil a 180 mil euros», mas «é um investimento necessário para termos 180 postos de trabalho dentro de ano e meio». Em contrapartida, a empresa terá que pagar uma renda mensal de 670 euros. Caso não cumpra os cinco anos do contrato, a Randstad terá que indemnizar o município pelo valor dos trabalhos que ainda não tiverem sido amortizados. «O investimento da Câmara está salvaguardado», considerou o edil.
Por sua vez, o diretor-geral da Randstad Portugal revelou que a Guarda foi escolhida «por mérito» da Câmara, «que soube posicionar-se à frente de outros concorrentes», mas também por haver na região os recursos humanos necessários à concretização do projeto. E o que se pretende é, a partir da Guarda, dar apoio a clientes da SFR, uma grande operadora de telecomunicações em França, pelo que os funcionários do futuro “contact center” têm que ser fluentes em francês. De resto, José Miguel Leonardo refutou a ideia de que este seja um trabalho precário, preferindo dizer que «é exigente». Já quanto à solidez do projeto, o responsável garantiu que a Randstad «é um dos maiores empregadores em Portugal» e que os seus projetos «não são efémeros, estão por muito tempo».
A má experiência da Adecco
A instalação da Randstad na Guarda tem qualquer coisa de dejá vu, mas desta vez com mais garantias. Poucas semanas antes das autárquicas de 2009, o socialista Joaquim Valente assinou um contrato para a criação de um “call center” Adecco que resultaria em 250 postos de trabalho. Esta meta deixou depois de ser certeza para passar a ser objetivo a curto/médio prazo, mas a verdade é que nunca se concretizou.
Valente foi reeleito para um segundo mandato e a autarquia investiu cerca de 450 mil euros na adaptação do edifício do parque municipal às necessidades da multinacional suíça, valor que deveria ser debitado à empresa sob a forma de renda, com dois anos de carência. A Adecco perspetivava ainda um investimento superior a 800 mil euros e apontava para a Guarda como uma cidade com as «condições ideais», eram estas as palavras do diretor-geral Paulo Canôa aquando do anúncio do projeto. Cinco meses depois, em fevereiro de 2010, o “call center” era inaugurado e as ambições, ainda que um pouco mais retraídas, continuavam a ser as melhores. Apesar de arrancar só com 25 funcionários, Paulo Canôa mantinha o otimismo: «O número poderá triplicar até ao verão. A nossa garantia é que conseguiremos criar os 250 empregos num horizonte temporal de dois anos, isto numa perspetiva cautelosa», declarou na inauguração.
Porém, a verdade é que oito meses depois o projeto assumia um rumo bem diferente do previsto e, em vez de contratar, a empresa dava início aos primeiros despedimentos e ficava com menos de duas dezenas de trabalhadores. Já em meados do ano passado, o Centro de Suporte ficou inativo após ter perdido o seu principal cliente: um operador de serviço de televisão por satélite. Ainda assim, a situação era dada como controlada. No entanto, em outubro de 2013, a Adecco fechada definitivamente portas na Guarda deixando 20 pessoas sem trabalho.
Luis Martins