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Quo Vadis Europa?

Entrementes

«Matar em nome de um deus é fazer desse deus um assassino», José Saramago

Impossível seria não abordar o tema que desde a passada sexta-feira é assunto em todas as conversas.

De facto, os acontecimentos de Paris têm repercussão à escala global que é, aliás, o que aqueles que os prepararam e executaram procuram. Publicidade à escala global que torne as suas ações visíveis. Mas Paris foi apenas mais um episódio de um filme que já leva muitos outros e em contextos geográficos os mais diversos. Só que, desta vez, foi na Europa. Na mesma Europa que nos últimos tempos tem vindo a receber centenas de milhares daqueles que fogem a essa mesma violência abandonando teres e haveres, e família, e amigos. Escorraçados do seu próprio país por um bando de criminosos que procuram a todo o transe vencer pelo terror.

Paris foi apenas mais um episódio de regresso à barbárie. Outros haverá no futuro enquanto a alguns continue a interessar promover guerras, por absurdas que sejam.

Enquanto a geoestratégia comandar os destinos do mundo, haverá sempre quem prefira promover a confusão na casa do vizinho do que arriscar-se a que ela comece na sua.

Enquanto a indústria de armamento continuar a crescer haverá forçosamente que promover o escoamento dos seus produtos. Como? Promovendo conflitos aproveitando diferenças históricas e agudizando-as até conseguir que das palavras se passe aos atos. Aí chegados, os donos dessa indústria terão a sua sobrevivência garantida. Mesmo que conseguida à custa de rios de sangue. Mesmo que seja necessário vender armas a todas as fações em litígio. Mesmo que, hipocritamente, venham depois verter lágrimas de crocodilo, afivelando cara de circunstância e de pesar.

Mais tarde iremos ver quais as consequências destes atentados em Paris. No entanto, são já visíveis algumas. Basta percorrer as várias redes sociais e poderemos verificar que há muito boa gente a clamar contra os refugiados tomando claramente a árvore pela floresta.

Em França, aproveitando o balanço, a extrema-direita, pela voz dessa reputadíssima democrata que responde pelo nome de Marine le Pen, exige que os governantes impeçam a entrada de todos os refugiados. Como se eles não fossem também vítimas da mesma violência…

A radicalização será, por certo, uma realidade nos próximos tempos. E, como sempre acontece, serão os mais fracos aqueles que mais irão sofrer.

E respostas da dita civilização ocidental, irá haver?

Cabe, pois, perguntar: quo vadis Europa?

Por: Norberto Gonçalves

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