Arquivo

«Queremos que o Cineclube tenha uma estrutura mais profissional»

Cara a Cara – Frederico Mamede

P – Que projetos o Cineclube tem vindo a desenvolver?

R – Nos últimos tempos, têm sido ao nível da exibição de filmes no Teatro Municipal da Guarda. No ano passado fizemos os Encontros Cinematográficos e antes disso tínhamos o “Olhar sobre o Mundo Rural”. Gostávamos de fazer mais atividades, mas estamos atualmente com um problema em relação à sede. O espaço foi adjudicado à Associação de Trabalhadores da Câmara, por 50 anos, sem qualquer notificação ao Cineclube. Fazemos também projeções no laboratório do Daniel Martins, que é um atelier. Neste momento, estamos à procura de outro espaço para criar algum dinamismo. Não sabemos qual será o orçamento do próximo ano, mas queríamos fazer workshops, masterclasses e comprar algum material para podermos trabalhar na área do cinema, numa componente mais prática.

P – Que tipo de programação os espectadores podem esperar em dezembro?

R – Passamos um filme por mês no TMG. Os filmes têm sempre alguma ligação entre eles. Neste quadrimestre têm sobretudo a ver com as modificações que tem havido a nível mundial em termos políticos. São filmes com um olhar mais para o passado, mas como a realidade ainda não mudou assim tanto, penso que continuam a fazer sentido.

P – Como tem sido a recetividade do público guardense às iniciativas do Cineclube?

R – Umas vezes têm sido boas, outras más. É difícil perceber quais são os filmes que mais chamam a atenção. A escolha não é fácil porque, hoje em dia, as pessoas têm acesso à Internet, veem filmes em casa. Se é um filme muito conhecido, já o viram. Não o vamos exibir, é difícil escolher.

P – Notam uma evolução no interesse dos guardenses pelo cinema?

R – Penso que o interesse é o mesmo. Não vejo que haja uma evolução… Não costumo ver sempre as mesmas pessoas nas sessões. Não é um público definido.

P – Numa cidade do interior, quais são as maiores dificuldades que um cineclube tem de enfrentar?

R – A falta de público. Os jovens saem da Guarda para estudar e essa é uma faixa etária muito importante para o Cineclube que acaba por se “perder”. Tem-se perdido uma cultura cinematográfica na cidade e se não fosse o TMG a criar oportunidades de cinema diferente seria ainda pior. Sabemos que o cinema também vive da economia, mas é necessário que ele seja diversificado para que o público não seja formatado.

P – Por que motivo não estão, este ano, associados à iniciativa dos Encontros Cinematográficos?

R – A nível financeiro, o Cineclube não teve possibilidade de criar essa participação. Foi apenas por isso.

P – Que objetivos têm para o futuro do Cineclube?

R – Os objetivos são claros, mas difíceis de concretizar. Queríamos ter independência financeira. Para isso, teríamos de criar públicos, ao nível da produção cinematográfica, comprar material, fazer mais atividades e começar a produzir filmes. E até trazer para o seio do Cineclube pessoas de outras cidades, como a Covilhã. O objetivo era fazer com que o Cineclube tivesse uma estrutura mais profissional, tornar-se uma empresa na área da cultura.

Frederico Mamede

«Queremos que o Cineclube tenha uma
        estrutura mais profissional»

Sobre o autor

Leave a Reply