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Quem são as mulheres que concorrem às Câmaras da região

Será uma candidatura autárquica liderada por uma mulher sinónimo de derrota antecipada? O INTERIOR procurou esta e outras respostas junto de quatro candidatas

Numa região ainda muito conservadora, a candidatura de uma mulher à presidência da Câmara pode ser encarada por alguns como uma derrota antecipada. Contudo, esta não é a visão geral e as quatro candidatas que O INTERIOR auscultou não se revêm nesta afirmação.

«Ser candidata é ajudar a construir a diversidade e só isso é já uma grande vitória», começa por dizer Mónica Ramôa, que concorre pela CDU à Câmara da Covilhã. Com 50 anos, a professora de Biologia e Geologia do 3º ciclo do ensino básico e secundário no Agrupamento de Escolas do Teixoso garante que não tem sentido nenhuma aversão por parte dos cidadãos: «Tenho ouvido sistematicamente palavras de incentivo justamente por ser mulher», contrapõe a cabeça-de-lista, para quem esse estímulo é dado «principalmente por mulheres, mas também por homens que consideram que é tempo do exercício do poder se fazer também no feminino». E Mónica Ramôa está convicta que uma mulher pode fazer diferente na presidência de uma autarquia: «Apesar das mulheres terem outro olhar sobre a realidade e outra forma de a percecionarem, não é apenas a condição de se ser mulher que faz com que a ação seja muito diferente da dos homens. Julgo que a principal diferença está na assunção que fazemos do exercício do poder local», afirma.

Por isso, a candidata da CDU coloca, acima do género, o «projeto que nos propomos realizar e o modo como o fazemos», mas não duvida que uma mulher terá sempre «uma sensibilidade diferente» face aos problemas e constrangimentos do exercício político. E que essa sensibilidade se poderá traduzir numa ação «mais assertiva, focada e determinada». Natural de Braga, Mónica Ramôa tem dois filhos e confirma que a campanha eleitoral «é praticamente inconciliável com a vida familiar». De resto, nos tempos livres gosta de ler, passear, conhecer novos lugares, estar com a família e amigos.

Esperança Valongo, uma socialista em Pinhel

Esperança Valongo, candidata do PS à Câmara de Pinhel, confessa a O INTERIOR que já se sente uma vencedora: «Sou mulher, sou do interior, pertenço a esta região supostamente mais conservadora e, apesar disso, tive o apoio necessário para abraçar este nobre desafio», sublinha a candidata de 59 anos. A funcionária pública garante que tem «uma equipa formada por mulheres e homens com um programa distinto, que faz a diferença em relação à atual liderança política municipal» e essa é a marca diferenciadora da sua candidatura.

Vereadora há oito anos, a cabeça-de-lista admite que tem sentido uma «enorme onda de simpatia, delicadeza e respeito por parte da população», afirmando que, «em momento algum, senti qualquer tipo de discriminação» por ser mulher. Também com dois filhos, Esperança Valongo considera que «não é difícil» ajustar a vida familiar à campanha: «Na minha família desde sempre foram implementados hábitos e princípios de corresponsabilização, colaboração e respeito mútuo», refere a pinhelense, segundo a qual isso «facilita a gestão do tempo e das tarefas a realizar no âmbito familiar e na vida política».

Joana Bento (PS) quer «uma nova liderança» no Fundão

No Fundão, o PS apostou em Joana Bento, que é também uma das mais jovens candidatas nas autárquicas deste ano. Natural de Silvares, uma pequena freguesia do concelho, a socialista não olha para o facto de ser mulher como «fator penalizador» da sua candidatura, desvendando que «foi até motivador para congregar mais lideranças no feminino».

De resto, o PS apresenta mulheres em cinco freguesias (Silvares, Telhado, Alcaide, Souto da Casa e União de Freguesias de Vale de Prazeres e Mata da Rainha). «Hoje temos uma candidatura que é um fiel exemplo de igualdade de género e em que as mulheres não ficam alheadas da participação política», refere a candidata. Com 30 anos, a jovem advogada considera que não é por ser mulher que vai fazer a diferença na presidência da Câmara. «O fator crucial será a capacidade de trabalho em equipa», afirma, acrescentando que «a diferença estará em eu conseguir ouvir a minha equipa, pesar toda a sua argumentação e, no fim, decidir em consonância». Joana Bento não tem filhos e vive na casa dos pais, o que lhe permite estar «muito mais focada» na campanha: «Neste momento só tenho duas agendas para gerir, a profissional e a da candidatura», afirma a candidata.

Fabíola Figueiredo (PSD) aceitou desafio em Seia

Na corrida à presidência da Câmara de Seia está a social-democrata Fabíola Figueiredo. Com 35 anos, a dirigente concelhia lembra que em Portugal ainda existe «um conceito social de papéis diferenciados desempenhados por mulher e homem», em que o papel da primeira está «muito ligado aos afetos, o que a continua a afastar de posições que exigem maior autonomia de opinião, firmeza, formalidade e uma certa frieza de posições».

Ainda assim, a candidata espera que essa ideia não seja uma desvantagem, afirmando que o que deve ser “esmiuçado” pelos eleitores é o seu percurso e as suas propostas: «Os senenses devem avaliar pelo meu percurso pessoal e profissional e por aquilo que proponho, com as minhas equipas, para mudar para melhor, e de forma diferenciadora, o meu concelho», sublinha Fabíola Figueiredo. Nascida em Seia e residente em São Romão, a cabeça-de-lista confirma que ainda há um desafio fundamental no mundo político, o de «inverter a ideia de que a política é, por inerência de estilo de personalidade, feita por homens». Na sua opinião, não há «autarquias no feminino», mas sim municípios «à espera de serem liderados por pessoas que lhes acrescentem valor» – sejam homens ou mulheres.

No entanto, a candidata reforça que a mulher «é um elemento que se desdobra entre várias atividades», o que pode traduzir-se numa sobrecarga de trabalho «que pode igualmente ter influência na sua atividade política, dotando-a de uma visão mais completa e de uma postura mais facilmente empática com as pessoas». Médica e com dois filhos, a cabeça-de-lista assegura não sentir que a questão do género possa «ter influência nos resultados das eleições» em Seia, adiantando que tem sido recebida por todas as pessoas com «simpatia, apoio, incentivo e respeito».

Oito mulheres na corrida autárquica

Contra 45 candidaturas lideradas por homens, eis que surgem na região oito candidatas ao cargo de presidente da Câmara – Mónica Ramôa (CDU), na Covilhã; Joana Bento (PS) e Catarina Gavinhos (CDU), no Fundão; Esperança Valongo (PS), em Pinhel; Maria Joaquina Domingues (PSD) e Cristina Guerra (CDS), em Fornos de Algodres; e Margarida Abrantes (CDU) e Fabíola Figueiredo (PSD), em Seia.

Sara Guterres Mónica Ramôa (CDU Covilhã), Joana Bento (PS Fundão), Fabíola Figueiredo (PSD Seia) e Esperança Valongo (PS Pinhel) são quatro das oito candidatas nas eleições de outubro

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