Ser diplomando não é uma garantia de emprego, prova disso são os dados divulgados na semana passada pelo Ministério da Educação e Ciência (MEC) que revelam que dois cursos do Instituto Politécnico da Guarda (IPG) e três da Universidade da Beira Interior (UBI) têm níveis de desemprego superiores a 20 por cento.
Cerca de um quinto das pessoas que se diplomaram entre 2010 e 2013 estavam inscritas em Centros de Emprego no final de 2014. Em todo o país há 63 cursos com mais formandos nesta situação e na região são as licenciaturas em Marketing (23,4 por cento) e Design de Equipamentos (26 por cento) do IPG e Ciências Políticas e Relações Internacionais (22,2 por cento), Estudos Portugueses (50 por cento) e Filosofia (22,2 por cento) da UBI que registam maiores níveis de desemprego. Tanto assim que estes dois últimos já não fazem parte da oferta formativa da universidade no próximo ano letivo. Em contrapartida, na lista de cursos com zero desempregados em dezembro de 2014 o IPG tinha a licenciatura de Restauração e Catering, da Escola Superior de Turismo e Hotelaria (ESTH), em Seia, enquanto a UBI tem Bioengenharia, Engenharia Eletrotécnica e de computadores e Medicina.
O presidente do Politécnico da Guarda desvaloriza estes dados, considerando que «não são muito fiáveis», pois nem todos os desempregados estão inscritos em Centros de Emprego e lembra que «nem todos seguem a atividade profissional correspondente aos cursos». Mesmo em relação aos bons resultados do curso de Restauração e Catering, Constantino Rei prefere ter os pés assentes na terra, uma vez que «são os primeiros diplomados e por isso não pode ter muita expressão». O responsável considera ainda que os bons ou maus níveis de emprego «nada têm a ver com a qualidade de ensino da instituição», sublinhando que «há pessoas que trabalham vários anos numa empresa e estas encerram e as pessoas perdem o emprego». Quanto ao futuro dos cursos de Marketing e Design de Equipamentos, a sua continuidade não está em causa, pois «o desemprego é estrutural» e as necessidades do mercado «serão diferentes daqui a três ou quatro anos», antevê Constantino Rei.
Por todo o país são os cursos de Medicina que contemplam mais diplomados e nenhum inscrito nos Centros de Emprego, com exceção de Medicina na Universidade do Porto que uma taxe de desemprego de 0,1 por cento. Da lista com zero desempregados fazem parte 84 licenciaturas, mas destes apenas 63 abrirão vagas para ao no létivo de 2015/2016. Dados divulgados pelo jornal online “Observador” dizem que dos 146.577 diplomados entre 2010 e 2013 no conjunto de todos os cursos das instituições de ensino superior públicas, 12.614 estavam inscritos num Centro de Emprego em dezembro de 2014, o que indica uma taxa de desemprego de 8,6 por cento. No primeiro trimestre de 2015 havia 712.900 desempregados, dos quais 16,8 por cento tinham habilitação superior, segundo dados do INE, mas os dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) apontam para 554.070 inscritos em Centros de Emprego e desses13 por cento tinha habilitações superiores.
Ana Eugénia Inácio
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