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Quase metade dos imigrantes na Guarda são ucranianos ou brasileiros

Distrito da Guarda tinha há três anos quase 2.000 imigrantes, 25 por cento dos quais ucranianos

O distrito da Guarda tinha, no início de 2010, 1.881 imigrantes residentes, oriundos de 21 países. São estes os números apontados por José Pires Manso, coordenador científico do “Diagnóstico da População Imigrante – Desafios e Potencialidades para o Desenvolvimento Local” da Guarda, que deu origem a um livro, a ser apresentado em breve na cidade. Inicialmente pensado para o concelho, o trabalho estendeu-se a todo o distrito para que a amostra fosse representativa.

O professor catedrático do Departamento de Gestão e Economia da UBI refere que «os ucranianos são a comunidade predominante com 25 por cento, seguidos pelos brasileiros (19 por cento) e cabo-verdianos (8,5 por cento). Depois há representantes de vários PALOP». Para o economista, os dados evidenciam duas tendências dominantes: «Temos os imigrantes da Europa de Leste, mais desenvolvidos, com nível cultural elevado. E os PALOP que, apesar da vantagem linguística, têm habilitações mais precárias», refere. O emprego esteve em destaque nos inquéritos que a população imigrante preencheu, o que permitiu concluir que, além de exercerem profissões variadas, estas estão, por vezes, aquém das suas capacidades. «Quando chegam aceitam empregos inferiores ao seu nível cultural porque não têm as habilitações reconhecidas e estão necessitados», adianta Pires Manso.

O objetivo central deste estudo era perceber se o público-alvo sofria de racismo: «Há queixas, mas não é significativo. Se os imigrantes se sentem à margem do sistema é mau para eles e para nós», sublinha o autor. Atualmente, «o problema de absorção no interior acontece pela falta de emprego, que piora com as empresas a fechar. Os naturais até ficam, mas o estrangeiro, se não tem trabalho, muda para onde o há», constata o economista. As perdas começam sentir-se e a região fica mais pobre: «Os imigrantes ajudam a rejuvenescer a população, trazem outras experiências e dinamizam a economia regional», afirma.

O projeto resultou da candidatura da Caritas a um programa do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural, relacionado com os estrangeiros que vêm trabalhar para o nosso país. «O inquérito foi feito a 400 imigrantes na Guarda, igual ao dos restantes 22 projetos a nível nacional», adianta Pires Manso. Os resultados globais da análise foram apresentados anteontem na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Sara Quelhas

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