O povo é quem mais ordena. A coligação “Portugal à Frente” ganhou as eleições, mas, segundo as primeiras projeções, sem maioria absoluta. Era previsível, depois de semanas de sondagens em que a aliança PSD com o CDS/PP aparecia à frente das preferências. Depois de quatro anos de governo, e contrariando aquilo que há poucos meses parecia uma evidência, Passos Coelho é o grande vencedor destas eleições. A coligação ganha, ainda que tenha perdido cerca de meio de milhão de votos. O próximo Governo deverá ficar dependente dos humores da Assembleia da República e deverá procurar acordos de regime com o PS.
O PS perde estrondosamente (ainda que celebrem o facto de os partidos do Governo terem perdido a maioria), porque é uma derrota estrondosa o simples facto de perder, depois de quatro anos de austeridade e sacríficos que António Costa não soube capitalizar. Aliás, a demissão de António Costa da liderança do PS deverá ser apenas a primeira consequência destas eleições. Os socialistas terão depois muito que refletir.
As surpresas da noite vêm da eleição de deputados pelos novos partidos: o Livre e o PDR. E o Bloco de Esquerda que se afirmou como a terceira força política mais votada – não fosse algum “voto útil” no PS e Catarina Martins teria conseguido seguramente um resultado ainda mais surpreendente.
A abstenção desceu, mesmo com milhares de portugueses a não poderem votar por terem emigrado.
Na Beira Interior, na Guarda a “PàF” ganha por maioria, porém deverá perder um deputado. Aliás, com a maioria das mesas de votos contabilizadas, a coligação PSD/CDS ganha em 13 concelhos do distrito e, mesmo perdendo um deputado, quase faz o pleno distrital. Pelo contrário, o PS só deverá vencer no concelho de Manteigas, o que deverá merecer uma reflexão também nos socialistas da região. Em Castelo Branco, os resultados estão muito equilibrados, com o PS a ter ligeira vantagem, com a eleição de dois deputados socialistas e dois pela coligação.
O Norte deu a vitória à direita, mesmo que perdendo a maioria, veremos quanto dura o próximo governo…
Luis Baptista-Martins