Arquivo

Quando os tachos falam e as peneiras cantam

O título dava pano para mangas e cobria Portugal por completo, mas não é do que vamos falar, (…), mas sim de gastronomia.

Em tempos idos a RTP tinha um programa de culinária, confeccionado pela D.ª Maria de Lurdes Modesto e, mais tarde, pelo chefe de cozinha António Silva, que neste momento ainda resiste no programa “Portugal no Coração”. E é neste programa que, em determinada altura, se vê uma ou duas mesas repletas e abandonadas de deliciosas iguarias e, quando acompanhadas, parece que estão num velório e até lá há um sacerdote vestido de branco e com “mitra”. (…).

Os nossos vizinhos espanhóis têm um programa que se chama “Espanha em Directo”, onde está inserida, por largos minutos e diariamente, a culinária e com a extraordinária alegria em apresentar a confecção de um prato alimentício. Seja ele salgado ou doce e em todos os pequenos ou grandes pormenores, de qualquer região, dando em estúdio ou reportagem exterior. (…) Porque não fazemos isto, em vez de transmitir entrevistas com conversas de “chacha” e telenovelas com fartura? Temos matéria-prima desde o Norte ao Sul do país e centenas de receitas, de superior qualidade aos espanhóis em sabor e aspecto. E, mesmo que fossem transmitidas diariamente, dariam para largos meses de ensino e de serviço prestado ao turismo, mostrando a pessoa, o local de origem da receita e a sua confecção.

As nossas aldeias têm riqueza culinária para mostrar, (…). Haveria que criar concursos de culinária entre escolas e liceus, mostrando alguma coisa da sua região, mas também fazer receitas para gente jovem e recém-casada. Usar os nossos produtos e a nossa paisagem aos serviço do turismo rural, para os de cá e para quem está a chegar. Mas que tudo isso fosse apresentado por alguém conhecedor e que tivesse alegria no que está a confeccionar, ou apresentar e sem barulho de orquestras.

António do Nascimento, Guarda

Sobre o autor

Leave a Reply