Arquivo

Qualidade da água com controlos reforçados na Guarda

Autarquia responsabiliza Águas do Zêzere e Côa pelos problemas na rede pública, mas PSD acusou a Câmara de não ter fiscalizado abastecimento

A Câmara da Guarda responsabilizou esta semana a empresa Águas do Zêzere e Côa (AZC) pela má qualidade da água da rede pública. Há mais de um mês que os munícipes de algumas zonas da cidade são confrontados com um líquido de cor, cheiro e sabor diferentes, situação que terá estado alegadamente na origem de alguns casos de indisposição e já levou algumas escolas a ferver a água como medida de precaução. Entretanto, Gravata Filipe, administrador-delegado da concessionária, garantiu que as análises efectuadas não têm revelado má qualidade, enquanto a concelhia do PSD acusou terça-feira a autarquia de «total passividade e omissão» por «não ter feito nada para saber o que se passa com a água da cidade, nem avisado a população dos riscos do consumo», lamentou Rui Quinaz.

O assunto foi despoletado por Crespo de Carvalho na última reunião do executivo, altura em que Esmeraldo Carvalhinho, vereador responsável pelo pelouro do Ambiente, explicou que a AZC, após solicitação da autarquia, tinha recentemente afiançado a boa qualidade da água, atribuindo estes problemas ao abaixamento do nível da barragem do Caldeirão, que abastece a cidade e parte do concelho, e à erosão dos terrenos adjacentes provocada pelos incêndios. «O que é preocupante é a cor, o cheiro e o sabor», admitiu, lembrando que a responsabilidade pelo sucedido nas últimas semanas é da concessionária, pois é a Águas do Zêzere e Côa que «capta, trata e disponibiliza a água para distribuição». Carvalhinho acrescentou ainda que a empresa já terá alterado o tratamento da água para consumo público: «Não ponho em causa se é melhor ou pior, o que é certo é que não é o mesmo. Mas a AZC chegou à conclusão que estava errada e adoptou o tratamento dos SMAS, porque a água tinha exactamente este aspecto quando começámos a explorar o Caldeirão em 1995 e resolvemos o problema», contou. De resto, o vereador estranha que o fornecimento e o tratamento da água «piore em vez de melhorar» com a concessão à AZC. «Não quero pensar que há aqui uma diferenciação de métodos para pior, mas para já é isso que constatamos. Esperemos que a situação melhore e que o sistema funcione para dar qualidade de vida aos munícipes e não para lha tirar», avisa, sublinhando que a autarquia «esteve e vai estar» atenta a essa matéria.

Quem exige responsabilidades e parece ter encontrado outros culpados é a concelhia social-democrata local, com o seu presidente a imputar ao município uma «total passividade e omissão de nada fazer, quando tinha obrigação de efectuar análises rigorosas para saber o que se passa com a água, cabendo-lhe ainda avisar a população dos riscos de consumo, o que obviamente não fez quando é da sua responsabilidade o controlo e a fiscalização da qualidade», denunciou Rui Quinaz. Para o dirigente, este alerta é tanto mais oportuno que se sabe agora que a água da rede na Guarda «põe em risco a saúde pública». Longe destes alarmismos, Gravata Filipe, administrador-delegado da AZC, assegurou na semana passada não haver nenhuma informação de má qualidade da água, «aliás o laboratório com quem trabalhamos não nos deu quaisquer indicações nesse sentido, nem mesmo a sub-região de Saúde». No entanto, este responsável anunciou que a concessionária vai reforçar o controlo analítico nos pontos de entrega (reservatórios), enquanto a sub-região de Saúde fará o mesmo nas torneiras dos consumidores.

Luis Martins

Sobre o autor

Leave a Reply