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PIEF termina a 14 de Novembro com balanço «positivo»

Apesar das sete desistências, o Plano Integrado de Educação e Formação conseguiu formar jovens que já desejam concluir o 3º ciclo

A pouco mais de duas semanas do terminus, o balanço do Plano Integrado de Educação e Formação (PIEF) já é positivo. A iniciativa decorre no Centro de Formação, Assistência e Desenvolvimento (CFAD), na Guarda, desde finais de Janeiro passado e vai terminar a 14 de Novembro, atingindo parcialmente o seu objectivo: diminuir o absentismo e o abandono escolar, muitas vezes traduzido em exploração infantil. Dos 17 jovens inicialmente inscritos, seis desistiram, um foi expulso e os restantes estão a concluir o curso.

Liliana Silva, coordenadora pedagógica do PIEF, está bastante satisfeita com os resultados obtidos pelos 10 resistentes desta nova estratégia de completar o 6º ano. A lista inicial contava 17 jovens, mas depois de alguns meses de aulas e horários obrigatórios, uma verdadeira “prisão” para muitos deles habituados a andar “à deriva”, apenas uma dezena conseguiu sobreviver a este desafio da Câmara Municipal. Desses, apenas sete conseguirão alcançar o certificado do 2º ciclo, ficando três para trás por «falta de vontade», lamenta a coordenadora pedagógica, que mesmo assim faz um balanço «muito positivo», porque dos 17 iniciais se chega ao fim «com mais de 50 por cento de comparências». Quanto aos alunos que conseguiram aguentar a “caminhada” até ao fim, «melhoraram muito», tanto em termos de comportamento pessoal, como de saber lidar com os outros e de estar em grupo. Liliana Silva considera-os o «orgulho» do corpo docente que abraçou este projecto, pois «evoluíram muito e agora já nos tratam como pessoas e obrigam-nos a tratá-los como tal». A docente vai mais longe, realçando que hoje são jovens «completamente diferentes dos que encontrámos no início, responsáveis tanto nas aulas como na parte social».

Ainda assim, há excepções. Um dos sete desistentes foi expulso do PIEF por excesso de faltas. Era um jovem com «muitos problemas» familiares e um percurso de vida «complicado, extremamente difícil de domar», adianta a coordenadora pedagógica, lamentando que outros tenham seguido este rumo por variadíssimas razões. Também o irmão desse “fugitivo” esteve quase a seguir a mesma rota, mas as professoras estão atentas no intuito de «salvar pelo menos um dos irmãos», salienta Liliana Silva, acentuando que são crianças «muito» complicadas, «sem vontade» e, sobretudo, «sem acompanhamento familiar». Relativamente aos três que ficarão para trás, «não corresponderam aos objectivos mínimos dos mínimos», frisa a docente, realçando, por outro lado, ter havido alunos que fizeram dois anos num único. São talvez esses os que receberão o certificado do 2º ciclo e os que querem prosseguir para uma formação mais avançada. «Estão muito preparados, alguns até já pensam em tirar o 9º ano», revela a coordenadora pedagógica, numa altura em que a turma do PIEF do 3º ciclo já está praticamente organizada.

A nova etapa do Plano Integrado de Educação e Formação arranca dia 17 de Novembro com uma equipa de 15 jovens, alguns dos que agora vão terminar com sucesso o curso e outros que foram seleccionados num levantamento feito nas escolas da Guarda às turmas do 7º ano. Há ainda a possibilidade destes jovens terem acesso a uma componente ocupacional profissionalizante. As raparigas escolheram a costura, os rapazes a auto-mecânica. «Ainda não temos certeza disso, pois também depende da entrada de novos parceiros», explica Liliana Silva, elogiando a participação dos actuais co-participantes, sobretudo a autarquia da Guarda que tem garantido o transporte dos alunos, cuja maioria reside fora da cidade. Recorde-se que o PIEF nasceu com o desafio lançado pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, aquando da Presidência Aberta no distrito, em finais de Outubro de 2002, que deixou uma «preocupação»: «Ajudar os jovens a irem o mais longe possível no sistema educativo».

Rita Lopes

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