Em 2009, houve na Guarda 22 atropelamentos, 14 dos quais nas passadeiras e oito fora, todos eles com feridos ligeiros. Este ano já foi registada uma ocorrência, cuja vítima sofreu ferimentos graves. É para evitar estas situações que a PSP tem em curso, até Maio, a operação “Pela sua vida, trave!” no âmbito da qual os agentes vão estar particularmente atentos à cedência de passagem aos peões, às mudanças de direcção, ao respeito pela sinalização luminosa e ao uso do telemóvel durante a condução.
Elementos à civil ou em viaturas descaracterizas vão estar em locais estratégicos para controlar estas infracções rodoviárias de condutores e peões. O objectivo da operação iniciada no princípio do mês em todo o país é diminuir o número de atropelamentos nas localidades, que só no último ano, em todo o país, provocaram um aumento de quase 36 por cento de vítimas mortais relativamente a 2008. Cinco por cento da sinistralidade em Portugal está relacionada com atropelamentos, dos quais resultam cerca de 40 por cento dos feridos e mortos registados em situações de acidentes de viação. «Embora seja percentualmente um número diminuto, a gravidade desses acidentes é muito grande comparativamente aos demais», alerta o comandante da PSP da Guarda. Luís Viana garante que os agentes vão dar especial relevância ao desrespeito pelos semáforos e sinais de stop, ao excesso de velocidade nas áreas urbanas e à utilização da passadeira tanto pelo condutor, como pelo peão.
O último atropelamento na Guarda ocorreu em Janeiro, na Avenida Cidade de Safed, tendo resultado um ferido grave. «Como é uma distância muito grande, as pessoas querem passar de um lado para o outro e não têm ali um passagem para peões, o que se justificaria», considera Luís Viana. Além desta zona, também as passadeiras junto ao Jardim José de Lemos, na Rua Batalha Reis, e a que se situa a meio da António Sérgio, nas imediações do Edifício Liberal, têm sido palco de alguns atropelamentos, pelo que constituem motivos de especial atenção. O comandante acrescenta que a vigilância nas passadeiras junto às escolas também será reforçada, porque «é sempre uma fonte especial de perigo». E recorda que a PSP tem reunido com a Câmara para «identificarmos as zonas que necessitem de um reordenamento do trânsito, tendo em vista a protecção dos peões».
Quanto às causas que estão na origem dos atropelamentos, Luís Viana considera que há vários factores: «Há algum desrespeito dos automobilistas, bem como falta de educação cívica e de respeito das normas por parte dos peões. Mas, por vezes, também há fraca visibilidade para automobilistas e peões – pelo efeito do sol ou do deficiente posicionamento de algumas passadeiras», acrescenta o intendente. Já na Covilhã, a Alameda Europa é o ponto mais crítico em termos de atropelamentos, principalmente durante a época natalícia, adiantou fonte da PSP a O INTERIOR. Contudo, desde o Natal que não se verifica qualquer ocorrência, mas já foram sancionados dois peões desde o início do ano no centro da cidade. Segundo o Código da Estrada, um automobilista que não ceda a prioridade aos peões nas passadeiras terá que pagar entre 120 a 600 euros e ficar inibido de conduzir entre um a 12 meses, sendo uma contra-ordenação muito grave.
Já quem não parar num semáforo vermelho (contra-ordenação muito grave) sujeita-se a uma coima que vai dos 74,82 aos 374,10 euros, com um período de inibição de conduzir de dois a 24 meses. Estas medidas são agravadas sempre que haja atropelamento, sendo aberto um inquérito-crime no caso de haver feridos graves ou mortos. Por sua vez, os peões incorrem numa coima de 10 a 50 euros, dependendo da reincidência, se atravessarem fora das passadeiras quando houver uma a menos de 50 metros. A aplicação destas sanções cabe à Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária.
Rafael Mangana