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PSD quer manter a tradição em Fornos de Algodres

Bastião “laranja” é ameaçado pelo ex-vereador Manuel Fonseca, que se candidata pela primeira vez

Manuel Fonseca (PS), Cristina Guerra (CDS) e Joaquim Almeida (CDU) podem fazer história: dar a primeira vitória em Fornos de Algodres ao respetivo partido. Apenas um mandato da coligação de centro-direita Aliança Democrática, em 1979, se intromete na longevidade do PSD neste município, pelo que os sociais-democratas procuram confirmar o seu “domínio” com o estreante João Costa.

O candidato do PSD só pensa em ganhar: «Terei novos métodos e ideias, lembrando sempre o legado que nos é deixado», sublinha. João Costa considera que tem «uma experiência que me dá garantias e que poderei colocar ao serviço do concelho», salientado que está preparado para «ser teimoso junto dos organismos públicos». A promoção do turismo é uma das apostas, pois o concelho «tem uma oferta hoteleira boa que tem de ser potenciada» e não pode ser apenas conhecido «pela placa da A25». O apoio, a solidariedade social e a captação de investimento são as suas restantes “bandeiras”. João Costa não esquece o trabalho de José Miranda nas «infraestruturas básicas e equipamentos coletivos», mas quer contrariar a desertificação e o envelhecimento da população através da melhoria da qualidade de vida e do investimento.

Quem também acredita na vitória é Manuel Fonseca, ex-vereador e candidato socialista: «Há um desejo de mudança e não temos dúvidas que vamos vencer», sublinha. O economista justifica a candidatura com a «degradação das condições sociais em que muitos fornenses vivem» e uma «gestão camarária desastrosa». Os principais projetos são a criação de uma incubadora de negócios e do programa “Simplificar para Facilitar”, que visa a modernização administrativa da autarquia. «As limitações financeiras do município não permitem grandes obras, mas é possível rentabilizar os espaços físicos da Câmara», considera, apontando para uma «nova estratégia» de desenvolvimento com capacidade de fixar população. O candidato quer ainda «acabar com o dirigismo e a interferência política nas atividades sociais e culturais» do concelho, afirmando que «foi isso que se passou nestes anos».

Já Cristina Guerra aponta para a eleição de um vereador e três deputados municipais, de olhos postos na vitória em 2017. «É uma janela de oportunidade», adianta a centrista, exemplificando com a impossibilidade de reeleição do presidente e «o menor carisma do candidato a sucessor». É que, para a técnica, há um «apadrinhamento» de José Miranda a João Costa: «Quem mandaria realmente na Câmara?», ironiza. A candidata também não poupa críticas ao PS, que «nunca foi uma alternativa nem impediu ou fiscalizou as insuficiências da gestão municipal». Entre os seus projetos destacam-se a criação de uma cooperativa agropecuária, a aposta na reflorestação e desmatação, a rentabilização de estruturas e o apoio à juventude e ao emprego. «O problema não é só a desertificação de pessoas e serviços, mas também de ideias e projetos», garante.

O único repetente é Joaquim Almeida, que se recandidata pela CDU. «Os meus pais são de Fornos e tenho boas recordações da minha meninice», confessa. Longe de esperar a vitória, este aposentado acredita que pode melhorar os resultados de há quatro anos: «Um dia as populações verão quem tem interesse em servir as pessoas e não interesses pessoais», declara, acrescentando que o concelho tem «de procurar nas suas origens o que era bom e se perdeu». Joaquim Almeida defende a agricultura e o turismo, bem como a despoluição do rio Mondego e a revitalização do queijo da Serra. «É preciso tirar Fornos do anonimato em que está», afirma. A cativação de jovens e o turismo cultural são «preocupações» e alicerces fundamentais do seu projeto. «Tem de se acabar com os compadrios, políticas de favor e obras megalómanas», acusa ainda.

Perfil dos candidatos

João Costa (PSD), 50 anos, técnico do Instituto do Emprego e Formação Profissional/Viseu

«Aceitei a responsabilidade porque tenho ideias, ambições e vontade de trabalhar para a minha terra».

Manuel Fonseca (PS), 51 anos, economista

«Não é possível que a Câmara tenha uma dívida de 35 milhões de euros, deixando o concelho sem rumo nem perspetivas».

Cristina Guerra (CDS), 46 anos, técnica da administração tributária e aduaneira adjunta

«O meu concelho continua a mirrar ano após ano, tolhido pela falta de soluções».

Joaquim Almeida (CDU), 67 anos, reformado bancário

«Fornos de Algodres caiu num marasmo grande, é o concelho mais atrasado do distrito da Guarda».

Sara Quelhas Há 12 anos à frente da autarquia, José Miranda não se pode recandidatar

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