Manuel Rodrigues já não vai ser candidato do PSD à Câmara da Guarda. Na última segunda-feira, o líder da concelhia colocou um ponto final no assunto ao informar da sua indisponibilidade a secção local, que o tinha proposto por unanimidade no final de novembro. Tudo porque o seu nome não foi aprovado pela Distrital, que remeteu a decisão para a Comissão Política Nacional do partido, que também nada decidiu. Uma solução de consenso deveria ter sido encontrada durante o fim-de-semana, mas todas as tentativas fracassaram.
Os acontecimentos precipitaram-se na semana passada. A Comissão Política Distrital (CPD) voltou a não aprovar a candidatura do advogado, que já tinha sido muito contestada em meados de dezembro. Em ambas as reuniões, a disponibilidade de Manuel Rodrigues só terá sido defendida pelo próprio Júlio Sarmento, que sempre pugnou por uma candidatura de consenso e não geradora de atritos com a concelhia, uma das maiores do distrito. No entanto, esta insistência não foi suficiente para a CPD avalizar o nome do líder da secção da Guarda. Tanto assim que na passada quinta-feira, Jorge Moreira da Silva, vice-presidente do partido e coordenador do processo autárquico, sugeriu que fosse feita uma nova sondagem na Guarda, mas Manuel Rodrigues recusou.
«Era um mero instrumento de trabalho que é muito útil para posicionar candidatos e estratégias, só que Manuel Rodrigues não quis nova sondagem», confirmou Júlio Sarmento. O líder da Distrital adianta que perante essa posição foi pedido um tempo de reflexão para «reforçar uma solução de consenso, com um candidato de grande impacto público», que foi «ensaiada» com Manuel Rodrigues, Júlio Sarmento e João Prata. Estava previsto que houvesse novidades na segunda-feira, mas não aquelas que acabaram por acontecer. «Manuel Rodrigues pressionou a Distrital e esticou a corda. Compreendo a sua atitude, mas acho que se precipitou um bocadinho», considera o presidente da Distrital, que ainda acredita que o advogado possa vir a fazer parte da candidatura social-democrata à Câmara da Guarda, «mas na lista à Assembleia Municipal». «Há uma nova reunião na quinta-feira [hoje] e a escolha do candidato está por dias», garante, sublinhando que «há duas ou três hipóteses muito fortes para corporizar a vontade de mudança que se sente na Guarda».
Júlio Sarmento escusa-se a dizer quais, afirmando que esta saída de cena do presidente da concelhia não prejudica a Distrital nem o partido. «Há outros caminhos para além de Manuel Rodrigues para se conseguir uma lista de unidade e uma candidatura forte», reitera. Álvaro Amaro e João Prata são agora os nomes que se seguem. «Não haverá espaço para outros candidatos», admite um dirigente, que pediu anonimato. Na sua opinião, «agora é tempo de esperar que os órgãos decidam e Lisboa deverá escolher um deles». Este social-democrata considera que Manuel Rodrigues foi «absolutamente correto» ao longo de todo o processo, durante o qual «os estatutos do partido foram cumpridos», pelo que a sua indisponibilidade terá resultado do facto de «ter constatado que não tinha condições para avançar e saiu de cena». A mesma fonte acrescenta que Álvaro Amaro, se aceitar ser candidato, tem «uma solução absolutamente ganhadora. É um líder nato e forte, tem uma grande experiência política e é o homem certo para o PSD ganhar a Câmara da Guarda». O INTERIOR tentou obter um comentário de Manuel Rodrigues, que também tencionará demitir-se da concelhia e suspender a militância partidária, mas o advogado não esteve disponível para falar até à hora do fecho desta edição.
Luis Martins
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