Telefonema de Álvaro Amaro a Júlio Sarmento na passada quarta-feira foi decisivo para o líder da Distrital recuar na decisão de avançar
Chegou ao fim um dos mais conturbados processos de escolha de candidatos de que há memória na Guarda. O anúncio pela Distrital, na segunda-feira, do nome de Álvaro Amaro para cabeça-de-lista do PSD na sede do distrito foi o último capítulo da novela em que se transformou o caso, mas não sem um derradeiro epílogo. É que na semana passada o candidato era outro, Júlio Sarmento.
Tudo mudou no dia 4 com um telefonema de Álvaro Amaro ao presidente da Distrital. Neste contacto, apurou O INTERIOR, o autarca de Gouveia manifestou-se incrédulo com o anúncio da candidatura de Sarmento, situação que chegou a considerar uma «traição», isto porque Amaro ainda não tinha dito oficialmente que estava indisponível para concorrer na Guarda. Perante isto, o líder social-democrata voltou atrás e deixou o caminho aberto para Amaro. A mudança de nomes ficou selada num almoço, no passado sábado, em que o gouveense passou a ser oficialmente o candidato na Guarda. Na véspera, num debate no NERGA, Álvaro Amaro deu oficiosamente o pontapé de saída da sua candidatura ao defender que a cidade deveria ser a capital da nova comunidade intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela.
Na segunda-feira, confrontado por O INTERIOR, Júlio Sarmento afirmou que nunca foi candidato e que apenas terá manifestado a sua disponibilidade na Comissão Política Distrital (CPD) de 1 de abril para avançar «caso o impasse se mantivesse». Isto porque «o presidente da Distrital é sempre candidato à Câmara da Guarda», declarou, acrescentando que «não houve uma votação formal». Contudo, o líder social-democrata considerou que esta tomada de posição foi «decisiva» para «mobilizar Álvaro Amaro a decidir-se». Em conferência de imprensa, Júlio Sarmento não regateou elogios ao cabeça-de-lista: «É sem dúvida um candidato ganhador, experiente, competente e uma voz capaz de se fazer ouvir e dar à Guarda a notoriedade que precisa», declarou. E prosseguiu, dizendo que o antigo secretário de Estado da Agricultura, deputado e presidente do Conselho Regional do Centro é um nome com «dimensão nacional, com experiência de Governo e isso é muito importante num concelho que se quer mais desenvolvido».
Além destes atributos, foi «o único candidato convidado pela Comissão Política Nacional», que decidiu «de forma salomónica com base na sondagem que encomendou» no início do ano, em que o presidente da Câmara de Gouveia surgia como o melhor posicionado, comparativamente a Manuel Rodrigues, para concorrer contra o socialista José Igreja. «O risco era o PSD apresentar um candidato fraco, frágil, sem experiência e para perder por poucos. Não queremos um candidato que vá aprender para a Câmara, mas sim alguém que impõe respeito e Álvaro Amaro corresponde a esse perfil», sublinhou o presidente da Distrital. De resto, na sua opinião, «a partir de agora, haverá condições para a unidade do partido» em torno desta candidatura, sendo que a concelhia foi informada da decisão numa reunião, realizada nessa noite, em que não participou o seu presidente, Manuel Rodrigues.
Apesar disso, Júlio Sarmento disse não acreditar que a secção da Guarda se demita ou não apoie Álvaro Amaro. «A reunião foi muito produtiva», afirmou, assumindo também que «muito dificilmente haverá uma candidatura independente, muito menos liderada por Manuel Rodrigues». O dirigente revelou ainda que a Distrital tem «uma alternativa» caso os tribunais inviabilizem a candidatura de Amaro devido ao limite de mandatos, mas escusou-se a dizer qual. Anunciou também que se perspetiva «uma coligação com CDS» na Guarda porque as reuniões preparatórias com os dirigentes centristas «correram muito bem».
Luis Martins