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PSD esmagador no distrito da Guarda

PS e Bloco de Esquerda protagonizam trambolhão nas urnas ao perderem 10.531 e 4.628 votos, respetivamente

As legislativas de domingo cavaram um fosso de 16.722 eleitores entre o PSD e o PS. Os sociais-democratas foram esmagadores, com 46,3 por cento dos votos, enquanto os socialistas apenas ultrapassaram os 28 por cento. A diferença entre os dois principais partidos que foram a votos no círculo da Guarda nunca foi tão grande (ver quadros nas páginas 8 e 9) e o resultado está à vista. Os sociais-democratas elegeram três deputados, o que não acontecia desde 1995, e os socialistas apenas um.

José Albano Marques, presidente da Federação, não conseguiu a eleição e é o grande derrotado da noite. Primeiro, porque o PS não ganhou num único concelho do distrito e o melhor resultado que conseguiu aconteceu em Manteigas, com 34,9 por cento dos escrutínios. Mas sobretudo porque o partido tem sempre perdido votos nas legislativas desde que assumiu a liderança distrital, em 2008. Este ano foram menos 10.531 que em 2009, quando já tinha ficado sem 10.638 votos comparativamente às eleições de 2005. É certo que estas duas últimas eleições ficaram marcadas pelo descontentamento do eleitorado relativamente ao PS de José Sócrates, mas alguns destacados militantes e dirigentes não perdoam a José Albano os erros cometidos na formação das listas. Na razia de domingo, os socialistas só conseguiram mais de 30 por cento dos votos em Figueira de Castelo Rodrigo, Manteigas, Seia e Vila Nova de Foz Côa. Na Guarda, o PS foi derrotado nas freguesias da cidade e ficou-se pelos 28,5 por cento no cômputo concelhio.

Já o PSD parece ter voltado aos resultados de antanho, cativando o voto de mais de 50 por cento dos inscritos em Aguiar da Beira, Almeida, Figueira de Castelo Rodrigo, Mêda, Pinhel e Trancoso. Nos restantes concelhos, a votação só foi inferior a 40 por cento em Manteigas, onde os sociais-democratas obtiveram 37,8 por cento dos votos. No município de Esmeraldo Carvalhinho registou-se a menor diferença para os socialistas, já que apenas 2,9 por cento separa os dois partidos. Em termos de votos, a vitória do PSD sai um pouco esbatida. Apesar da grande descida dos socialistas, os sociais-democratas subiram apenas mais 6.597 escrutínios que em 2009, quando tinham conseguido mais 1.411 votos relativamente a 2005. A abstenção (46,1 por cento) e a diminuição do número de eleitores inscritos no círculo da Guarda (menos 3.126 que em 2009) podem explicar este desempenho. Assim sendo, tudo indica que só conseguiram capitalizar parte do descontentamento do eleitorado contra os socialistas.

Mesmo assim, o PSD foi o único partido a subir de votação nestas eleições. Ao descalabro socialista junta-se ao trambolhão do Bloco de Esquerda, que perdeu 4.628 votos comparativamente às legislativas anteriores e voltou a ser a quinta força política mais votada no distrito. De volta ao quarto lugar, a CDU baixou ligeiramente (menos 126 votos), mas cresceu em termos de percentagem, o que significa que o seu eleitorado está praticamente estabilizado. O problema parece estar em não conseguir ganhar mais votos. O mesmo se passou com o CDS, que terá sido vítima do voto útil no PSD. Os centristas perderam 997 eleitores relativamente a 2009, mas a percentagem cresceu, embora não o suficiente para voltar a eleger um deputado pela Guarda. Entre os pequenos partidos, o destaque vai para o PCTP/MRPP, que voltou a ser o mais votado com 0,81 por cento (754 votos). Contudo, também perdeu eleitores face a 2009, registando menos 341 escrutínios.

Luis Martins

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