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Propina na UBI aumenta para 800 euros

Primeira proposta apresentada pelo reitor Santos Silva era de aplicar propina máxima de 880 euros

Depois de uma primeira proposta que privilegiava a propina máxima de 880 euros, o Senado da Universidade da Beira Interior fixou em 800 euros o valor da taxa a cobrar no próximo ano lectivo.

Um aumento de 100 euros em relação à propina que foi cobrada no ano passado e que, segundo o reitor Santos Silva, é necessário para «equilibrar as contas» da instituição e continuar a aplicar uma política de «afirmação pela qualidade e diferença», quando 90 por cento do Orçamento de Estado é canalizado para o pagamento de salários dos funcionários. Santos Silva justificou ainda o aumento da propina pelo facto da UBI ter sido a universidade que «mais cresceu percentualmente em termos de alunos» no ano passado (4,31 por cento), enquanto que o Orçamento de Estado transferido «decresceu em dois por cento», ou seja, cerca de 400 mil euros. «Depois de ter traçado o cenário real da situação financeira da UBI, não havia outra alternativa senão aumentar o valor da propina», justificou o reitor, cuja primeira proposta foi a de aplicar a propina máxima, à semelhança do que tem acontecido em quase todas as instituições de ensino superior público.

«A propina máxima equilibrava minimamente as contas da Universidade», admitiu o reitor, acrescentando no entanto que essa proposta foi retirada por existir «uma franja de alunos que não sendo bolseiros têm uma dificuldade enorme em pagar as propinas e viver na Covilhã». Recorde-se que 80 por cento dos alunos da instituição da “cidade neve” são deslocados, vindos maioritariamente do Norte de Portugal. «Temos que ser sensíveis e ter em atenção o sacrifício enorme que algumas famílias fazem», explicou o reitor, que reivindica ainda o reforço das verbas da acção social para que ninguém fique de fora do sistema por falta de condições financeiras, ainda para mais quando 37 por cento dos alunos da UBI eram bolseiros no ano transacto.

Já o presidente da Associação Académica da Universidade da Beira Interior discorda do valor da propina fixado pelo Senado, um órgão que conta com o voto de apenas 16 estudantes contra 56 professores e outros representantes. Para Nuno Costa, a propina a aplicar deveria ser «a mínima» tendo em conta que a maioria dos estudantes são deslocados. E embora compreenda as justificações do reitor e atribua as culpas ao baixo OE transferido para as universidades, o presidente da AAUBI já avisou que irá desenvolver «acções de sensibilização» junto dos novos alunos para que estes «peçam bolsas» e realizar «manifestações» para lhes mostrar que «a propina não é para melhorar a qualidade do ensino mas para suportar o funcionamento da universidade». Nuno Costa teme ainda que o valor da propina em 800 euros afaste os novos alunos da UBI. «Vamos fazer um estudo para ver se há ou não aumento de transferências para outras instituições e ver se as 1105 vagas serão ou não preenchidas», adianta. Entretanto, vai propor ao reitor o «pagamento da propina em cinco prestações», sendo que «os alunos bolseiros deverão pagar apenas a primeira prestação da propina quando receberem três meses de bolsa». Santos Silva já disse a “O Interior” estar receptivo para acolher as ideias dos estudantes e avisa que a reitoria tem «conversado sempre com a AAUBI para definir a data e a melhor forma de pagar a propina», relembrando ainda que «os alunos bolseiros apenas pagam a primeira prestação «após o pagamento da bolsa». Entretanto, o cordão humano que a AAUBI pretendia realizar junto à reitoria como forma de protesto não teve lugar pelo facto dos estudantes se encontrarem no período de férias.

Liliana Correia

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