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Sócrates quer maior abertura do PS à sociedade

Estratégia do candidato à liderança do partido da “rosa” passa ainda pela «renovação nos métodos, rostos e acção política» para os próximos dois anos

“Renovação” e “Abertura” é o caminho que José Sócrates pretende traçar para o Partido Socialista durante os próximos dois anos, caso seja eleito para o cargo de secretário-geral no congresso do primeiro fim-de-semana de Outubro.

Naquele que foi o primeiro dia de campanha para conquistar a liderança do PS, que se iniciou na semana passada na Universidade da Beira Interior, o socialista defendeu uma «renovação nos métodos de comunicação, de acção política e nos rostos» e uma maior abertura do partido à sociedade para «fazer com os quadros mais dinâmicos um projecto político que puxe pelas energias do país e que constitua um impulso reformador e moderno de Portugal». No fundo, é «trazer de novo ao PS aquilo que foi o espírito dos Estados Gerais: abertura e colaboração com o exterior e com independentes para transformar um projecto político no qual Portugal volte de novo a acreditar», sublinhou o candidato à liderança do partido da “rosa”.

Daí que o covilhanense tenha começado a sua campanha precisamente pelo distrito onde «aprendeu a fazer política» e pela UBI, local onde assinalou uma das «prioridades» da sua proposta política: a «aposta na ciência, na cultura e na educação». Numa palavra: a aposta no «conhecimento», sublinhou, acusando o actual governo de coligação de não apostar nestes factores essenciais para o desenvolvimento de Portugal.

Reunido com docentes da UBI e com o presidente do Politécnico de Castelo Branco, o candidato à liderança do partido da “rosa” falou da necessidade de apostar ainda mais na educação e tomou nota das principais reivindicações dos professores, que reclamaram «medidas de discriminação positiva» para desenvolver ainda mais o interior do país. «É possível fazer no interior investigação de excelência. Mas é preciso haver alguma discriminação positiva», salientou o vice-reitor e presidente da Faculdade de Ciências da Saúde da UBI, João Queiroz, que destacou ainda o sucesso de medicina como pólo de cooperação e criação de sinergias. Já o professor catedrático António Fidalgo reclamou maiores incentivos económicos para as empresas se instalarem no interior, como a redução do IRC, para tornar a região mais rica e ter assim as «instituições que ambicionamos», frisou.

Apesar de não ter avançado propostas, Sócrates assegurou que uma das suas motivações é «fazer tudo o que for possível para que o interior não fique tão esquecido e marginalizado como tem estado na vida política nacional». Daí que tenha seguido de imediato para o Fundão para escutar as queixas e preocupações dos empresários. «O interior passou um mau bocado e acho que era altura do governo fazer justiça e solidariedade com todos os distritos do interior», nomeadamente um maior investimento público, frisou.

“Governo foi feito em cima do joelho”

Durante a passagem pelo distrito albicastrense, Sócrates teceu ainda críticas ao governo de Pedro Santana Lopes, que acusou de ter «virado claramente à direita» por ter entregue quatro dos cinco principais ministérios ao CDS/PP, entre os quais o das Finanças.

O candidato à liderança socialista considerou ainda que este Governo «foi feito em cima do joelho» não só pelas confusões criadas na atribuição dos ministérios e secretarias de Estado, como a que aconteceu com Teresa Caeiro, mas também por colocar à frente dos Ministérios pessoas sem qualificação para a pasta. «Vamos no quarto ministro do Ambiente em dois anos. A instabilidade tem sido total e absoluta e o erro do passado é agora de novo cometido: é escolhido alguém sem qualquer ligação à política do ambiente», exemplificou, acrescentando ainda que o ministro Nobre Guedes «não tem o mínimo conhecimento dos dossiers nem a preparação técnica adequada».

A divisão ministerial da Segurança Social e do Trabalho foi ainda objecto das críticas de Sócrates, para quem o trabalho «não pode ser visto apenas como um custo para a economia, mas numa perspectiva social, de coesão e de solidariedade». «Pela primeira vez no nosso país, o trabalho está entregue às pastas económicas», apontou, criticando que se olhe para a qualificação da mão-de-obra como custos. «É uma perspectiva errada e que está agora presente na orgânica do governo», concluiu.

Liliana Correia

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