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Projecto Rio concluído em 2010

Fundação será constituída nos próximos meses com entidades e associações locais

Está para breve a constituição da fundação ligada à valorização e protecção integral do património mineiro das Minas da Panasqueira. Paulo Fernandes, vereador com o pelouro do Desenvolvimento Local e Regional na Câmara do Fundão, explica que já está a ser ultimada a proposta de estatutos para ser apresentada aos parceiros. Entre eles, estão as três autarquias abrangidas por aquela zona mineira – Fundão, Covilhã e Pampilhosa da Serra -, Junta de Freguesia do Couto Mineiro, Beraltin & Wolfran, universidades, associações locais e de trabalhadores.

Das várias reuniões entre as entidades que farão parte dessa fundação, integrada na rede europeia de património mineiro Europamines, concluíram que era «essencial» criar uma entidade que «permitisse o diálogo, uma co-responsabilização e um encontro de sinergias», explicita o vereador. O objectivo é que os organismos possam ser pares num projecto global de recuperação e valorização daquele património mineiro, numa lógica de concertação e partilha de poderes e saberes, além da vantagem de poderem aceder a outros meios, sobretudo financeiros.

A «grande» abordagem histórica das Minas é o topo da intervenção do “Projecto Rio”, que sustenta a fundação. Sendo uma unidade industrial das «mais importantes de sempre», a autarquia pretende que a parte histórica e patrimonial esteja «muito bem patente e interpretada». Por isso, define a Lavaria como o «chapéu» do projecto, onde nascerá o Parque Temático Mineiro. O edifício mantém o equipamento original de todos os circuitos dos diferentes minerais, que será reutilizado. É um espaço cultural e turístico «por excelência», desde o cabo aéreo aos escombros, ao processo de tratamento de conteúdo audiovisual e de simuladores que ali serão colocados até à interpretação do espaço de ciência viva. Destaque ainda para os processos físicos, químicos e mecânicos do tratamento dos inertes que vinham pelo cabo aéreo da Barroca e que terminavam no produto acabado: o volfrâmio, que deu «mais nome às Minas da Panasqueira internacionalmente», refere Paulo Fernandes.

A dinamização daquela área será feita de várias formas. A ciência viva estará mais vocacionada para o turismo juvenil e escolar. A vertente científica será relacionada com a reabilitação ambiental, visita às galerias e o processo daquela maquinaria. Uma terceira faceta estará ligada ao entretenimento, com vários simuladores que levarão a sensações «fantásticas», alude o vereador, que destaca ainda o aspecto memorial do local. «Queremos consagrar a memória de várias gerações», destaca, lembrando as dezenas de milhar de pessoas que ali passaram, ali viveram e ali morreram. O objectivo é unir as valências do rio com o Pinhal Interior, apostando na vertente cultural, já que é um «palco fantástico para os eventos», e para o turismo aventura.

Já é possível dormir no Albergue da Juventude

Já está constituída a empresa de animação turística integrada na “Mina Aventura” que se dedicará ao desporto aventura, como a canoagem, passeios pedestres, BTT e outros. A Câmara do Fundão também já ali organizou vários campos artísticos. O último decorreu recentemente ligado à dança em espaço público e às artes do vídeo. Outros já decorreram de escultura e artes plásticas, música e percussão, de onde saíram partituras de um músico americano, ligadas à percussão naquele espaço.

As gentes locais também serão enquadradas, sobretudo os ex-mineiros como guias de um espaço que é seu. Dentro de quatro anos, o vereador espera que o projecto entre em «velocidade de cruzeiro» para que em 2010 a execução esteja toda concluída. O projecto da Lavaria demorará três anos para abrir ao público, enquanto os outros equipamentos «vão abrindo aos poucos», explica Paulo Fernandes, referindo que já é possível dormir no Albergue da Juventude, com marcação prévia. Também já é possível fazer programas de turismo aventura e de turismo activo, dentro das rotas do Volfrâmio e do Antigo Mineiro, bem como organizar visitas às galerias que ainda mantém a exploração e 200 postos de trabalho.

Quanto ao Bairro Chinês, está a ser decorado para estar pronto no final do Verão. Para a Primavera fica a abertura do restaurante “Cantina do Mineiro”, para o qual está a ser desenvolvida uma carta gastronómica temática que tem por base não só a gastronomia tradicional, mas sobretudo a dos mineiros da Panasqueira e do resto do mundo. Saliente-se que se trata de um investimento global superior a 15 milhões de euros.

Rita Lopes

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