Arquivo

Programa Formação PME é «aposta na valorização dos profissionais e na organização interna das empresas»

Nuno Rodrigues, actual coordenador do Programa Formação PME na ACITAM – Associação Comercial e Industrial dos Concelhos de Trancoso, Aguiar da Beira e Mêda

P – O que é o Programa Formação PME?

R – Trata-se de um programa que já é desenvolvido desde 1997 na ACITAM. De início, começou como um projecto-piloto em que apenas participaram três empresas. A ACITAM era o promotor local e a AEP – Associação Empresarial de Portugal a gestora do programa. Desde então tem vindo a ser desenvolvido todos os anos na região e sempre pela ACITAM.

P – A quem se destina?

R – Destina-se a todas as empresas com menos de 50 trabalhadores de uma maneira geral, embora funcione melhor naquelas que têm um pouco mais de dimensão. O programa está actualmente orientado em três escalões: de zero a 10 trabalhadores, de 10 a 25 e de 25 a 50. Isto, embora a ACITAM esteja apenas a seleccionar as empresas com mais de cinco trabalhadores por achar que nessas empresas o programa não funciona tão bem. Este ano temos orientações para incidir mais em empresas da CAE industrial, enquanto que nos outros anos era mais geral.

P – Como funciona?

R – Existem três medidas. O PME especialização, virado para empresas que normalmente já participaram em edições anteriores; o PME qualificação, também para empresas que já participaram e que procuram formação profissional; e o PME Integral que é a medida principal. Depois da empresa seleccionada, o programa desenvolve-se com um consultor de ligação, qualificado, que na empresa fala essencialmente com o empresário ou os seus principais responsáveis para elaborar um diagnóstico da situação da empresa e constrói a chamada “árvore de problemas”. Problemas que vão depois ser resolvidos, ou minorados, com medidas que a implementar e que passam pela consultoria pura ou formação profissional, que é aquilo que o programa dá gratuitamente.

P – Quais os principais objectivos a atingir?

R – Os principais objectivos passam por melhorar a organização e gestão da empresa para que no futuro ela possa reflectir sobre si própria para poder responder às ameaças que possam surgir. Por outro lado, pretende-se melhorar as competências dos empresários e colaboradores, envolvendo-os directamente no processo. Uma empresa mais bem preparada poderá responder melhor às exigências do futuro.

P – Qual o papel da ACITAM no processo?

R – A ACITAM é o promotor local, faz a selecção e a gestão local do programa. Ao todo, até final de 2004, já houve intervenção em 69 empresas de Trancoso, Aguiar da Beira, Mêda, Guarda, Almendra, Fornos de Algodres, Celorico da Beira e outras. A associação esteve desde o início com o programa e o número de empresas tem vindo a crescer anualmente. Este ano vamos ter 12 novas empresas no integral, mais uma que irá à medida de qualificação e outra à de especialização, o que perfaz um total de 14.

P – Qual é a duração média da formação?

R – Varia consoante a dimensão das empresas. As de maior dimensão têm 300 horas de consultoria durante 10 ou 11 meses. Já as do escalão 2, de 10 a 25 trabalhadores, têm 200 horas de consultoria, enquanto as mais pequenas têm apenas 80 horas. A formação do curso de empresários é obrigatória para todas as empresas. São apenas 28 horas para quadros dirigentes. Normalmente, fazemos isto em quatro sábados, sete horas de cada vez. Um dos temas é explicar a metodologia com um especialista e os restantes podem ser, normalmente, o marketing, finanças e temas mais generalistas.

P – A formação dos recursos humanos nas PME’s é muito importante?

R – Sim, apesar deste programa não ser apenas formação em si, pois está mais virado para a consultoria formativa. É o consultor que vai à empresa e não o empresário que vem a uma formação, trata-se de um método que tem funcionado muito melhor por ser assim. Quando fazem o plano de desenvolvimento, os consultores também apontam as lacunas de formação de cada empresa e tentamos juntar duas ou três empresas que têm a mesma necessidade de formação para fazermos a acção. É uma formação específica, ou seja, não temos já uma formação pré-definida onde depois cada empresa se encaixa. É a chamada formação “à medida”.

P – Quais as grandes vantagens que as empresas poderão retirar do Programa Formação PME?

R – Desde logo, conhecer o diagnóstico. Há o apoio de um consultor que ajuda a “pensar a empresa”. Outros benefícios são o apoio no diagnóstico da gestão e na elaboração de um plano de desenvolvimento, que é feito em conjunto, e o apoio na execução e implementação das medidas, pois pode surgir o problema concreto de um funcionário não saber trabalhar com um programa específico. Na indústria da madeira, por exemplo, vem uma pessoa de propósito de Paços de Ferreira à empresa tratar da formação sobre o envernizamento e exemplifica como se faz. Isto é consultoria. Outras vantagens são a consultoria individualizada da empresa, formação à medida, quer para gestores ou para colaboradores, a participação em redes de cooperação entre empresas que estão a participar e que já participaram, e também o apoio na implementação de sistemas de qualidade, saúde, higiene e segurança no trabalho, inovação e internacionalização. Portanto, é uma aposta na valorização dos profissionais e na organização interna das empresas.

P – Quanto aos empresários, têm ficado satisfeitos com o Programa Formação PME?

R – Acreditamos que sim, embora os resultados sejam melhores quanto maior é o empenho do empresário no programa. Se se empenhar nele e colaborar, isto tem bom resultado. Mas também já tivemos casos em que o empresário apenas quis entrar, mas depois deixou de participar e aí os resultados não podem ser positivos. O empenho dos empresários conta muito para a obtenção de bons resultados. Isto é gratuito e se o empresário estiver a cem por cento com o programa, os resultados são muito satisfatórios.

P – A utilização das novas tecnologias também é um atractivo do programa?

R – Não, necessariamente. Embora um dos problemas das empresas que participam seja o de não terem páginas na Internet, pelo que não têm forma de divulgar os seus produtos da maneira mais correcta. Pode-se dizer que há problemas nas empresas ao nível das novas tecnologias e o programa responde nesse campo.

P – Caso haja empresas que se queiram inscrever, ainda podem fazer?

R – Sim. Até ao final deste mês estamos na fase de inscrição e selecção das empresas. Portanto, as interessadas deverão entrar em contacto com a ACITAM e nós depois explicaremos como tudo funciona.

Sobre o autor

Leave a Reply