«A elevada fiscalidade é um dos problemas mais graves de Portugal», acredita Proença de Carvalho. O advogado foi à Covilhã para falar de “Portugal Moderno: uma Visão Política” e fez uma radiografia ao estado da nação. Enquadrando o país no início do novo milénio e no contexto da Europa alargada, Proença de Carvalho foi pessimista na caracterização que traçou. Ainda assim, deixou ideias para o futuro, sobretudo «reformas urgentes, sem as quais Portugal não passará da estagnação para o desenvolvimento».
Num serão que se prolongou por força da participação interessada do público que encheu o Salão Nobre dos Paços do Concelho, Proença de Carvalho dedicou parte da sua exposição a distinguir os comportamentos das entidades públicas e privadas. Na sua opinião, as empresas estarão «bloqueadas» pelo Estado, que dificulta «o enriquecimento dos cidadãos e o desenvolvimento das empresas, de quem se exige cada vez mais, pois os impostos continuam a crescer». A rigidez da legislação laboral e a burocratização do Estado são outras formas de bloqueio que, na óptica de Proença de Carvalho, os privados têm enfrentado. Para o advogado, há três grandes áreas de intervenção que necessitam de reformas imediatas. Trata-se da saúde, educação e justiça, mas haverá também que mexer na legislação laboral e na despesa pública. Nesse sentido, comparou Espanha a Portugal, relacionando de forma inversa a proporção entre a cobrança de impostos e o desenvolvimento efectivo, com larga vantagem para “nuestros hermanos”. Uma situação que, na prática, afastou Portugal da média europeia e faz prever a ultrapassagem por vários países recém-entrados na União.
A solução estará na privatização de alguns sectores do Estado. Saúde, educação, justiça e segurança são áreas classicamente públicas, mas que se têm transferido progressivamente para o sector privado. Já as finanças, segundo Proença de Carvalho, deveriam ser privatizadas: «A melhor forma de optimizar a administração pública é privatizar, pois dificultaria a fuga aos impostos», acredita. Em termos políticos, olhando para a actual Direita, Proença de Carvalho não vislumbra «uma alternativa credível, com um projecto firme para o médio e longo prazo». Sem fechar a porta a um regresso às lides políticas, fala numa oposição «desligada de um conceito coerente e global, que tem feito uma crítica pontual, mas que não dá esperança aos portugueses para o futuro». No final, Carlos Pinto anunciou a presença de António Barreto até ao final do ano e de Manuel Antunes, cirurgião cardio-toráxico nos Hospitais da Universidade de Coimbra, em Janeiro. No âmbito destas conferências, o autarca covilhanense deixou antever que, à semelhança do ciclo anterior, as diversas exposições serão editadas em livro.