A Cooperativa Agrícola de Produtores de Frutos de Casca Rija (COAMÊNDOA) decidiu recorrer a organizações espanholas para ter acesso a apoios para a organização do sector, dada a dificuldade levantada em Portugal pelas associações de agricultores. A decisão foi comunicada no último domingo durante a Assembleia-Geral da cooperativa pelo presidente da direcção, Joaquim Grácio, que se insurgiu contra o facto daqueles organismos «nada fazerem para elucidar, mas retirarem 22 por cento por cada subsídio concedido aos agricultores em candidaturas que as associações lhes preparam».
O responsável anunciou ainda que vai encetar «de imediato» contactos com a CRISOL de Frutos Secos e a SAT ARBORETO, que são das maiores organizações espanholas na produção da amêndoa. Segundo Joaquim Grácio, as associações de agricultores estão a «esvaziar» as cooperativas de associados pelo facto daquelas entidades não poderem, por não estarem habilitadas ainda a isso, candidatar-se a ajudas ao sector da amêndoa. Por isso, o dirigente defende que devem ser as cooperativas a tratar dos subsídios «por serem os organismos que emanaram dos próprios agricultores e que deles estão mais próximos». E acusa as associações de agricultores de «engordarem enquanto o agricultor definha» ao retirarem uma percentagem «substancial» dos apoios concedidos. «Por isso vamos a Espanha, buscar o tal caminho de futuro, onde as ajudas certamente virão, onde existirá o apoio fundamental para a organização do sector que não se vislumbra em Portugal», expressou. A Assembleia-Geral decidiu ainda converter a COAMÊNDOA em Organização de Produtores de amêndoa, à semelhança do que acontece em Espanha desde 1989.
Joaquim Grácio considera que o sector está atrasado «cerca de 15 a 16 anos relativamente a Espanha, onde só na Andaluzia se plantam mil hectares por ano de amendoal e em Portugal lamentavelmente se arrancam». Segundo as suas estimativas existirão actualmente cerca de 25 mil hectares de amêndoa em todo o país que não satisfazem as necessidades internas nesta produção. Criada no ano passado em Freixo de Numão (Vila Nova de Foz Côa), a COAMÊNDOA abrange produtores dos concelhos envolvidos pela zona demarcada de produção do Vinho do Porto e alguns limítrofes.