O Governo apresentou sábado o Plano de Desenvolvimento Turístico do Vale do Douro e as propostas a concretizar até 2007 para tornar a região no quarto destino turístico português. Entre elas está o aproveitamento turístico da linha ferroviária do Pocinho-Barca d’Alva e a conclusão de acessibilidades estratégicas, nomeadamente do IC26, entre Lamego e Trancoso, e do IP2, entre Vale Bem Feito e Celorico da Beira, bem como a construção do Museu do Vale do Côa e o apoio a vários empreendimentos hoteleiros privados, um dos quais está localizado no município de Vila Nova de Foz Côa. O primeiro-ministro, Durão Barroso, garantiu, por sua vez, o compromisso do Executivo em concretizar um projecto «tão importante para o Douro e útil para o país».
O Plano de Desenvolvimento Turístico do Vale do Douro nasceu de uma resolução do Conselho de Ministros de 29 de Agosto de 2003, que elege a região como «zona de
excepcional aptidão e vocação turística». A sua área de incidência inclui todo o vale do Douro, desde o Porto até às arribas de Miranda, abrangendo um total de 42 concelhos, para os quais serão destinados investimentos públicos e privados, nomeadamente em áreas como acessibilidades, rodo e ferroviárias, navegabilidade e ainda aeroportuárias. Nesse sentido, o documento recomenda, entre outras medidas, uma orientação política para o aproveitamento turístico da linha ferroviária do Pocinho-Barca d’Alva, o reconhecimento pelo Conselho Estratégico de Promoção Turística da sub-marca “Douro – Vale do Douro”, importante para a promoção da região nos mercados internacionais, e a cooperação turística Douro – Duero, no domínio da promoção e das acessibilidades. Em termos privados, prevê-se a construção de alguns empreendimentos turísticos de vulto que funcionarão como «âncoras» para o desenvolvimento económico da região.
Durante uma viagem do barco “Milénio Douro” entre Serradosa e Peso da Régua, o primeiro-ministro presidiu à assinatura de um protocolo entre 56 entidades públicas e privadas que representam toda a região e se comprometeram com a concretização do plano. Os projectos fundamentais a concretizar no período de 2004/07 têm uma forte incidência na qualificação e na competitividade da oferta turística, que é determinante para que o Vale do Douro venha a tornar-se num destino turístico de referência. O documento estratégico foi elaborado por uma comissão de acompanhamento, presidida por Arlindo Cunha, também presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, elementos da API – Agência Portuguesa para o Investimento e da Direcção Regional da Economia do Norte. No que se refere ao investimento privado, a API está já a analisar alguns empreendimentos do tipo “open resort”. Entre eles está o “Golfe e Clube de Campo de Castelo de Numão”, um investimento de 48 milhões de euros que criará 212 postos de trabalho no concelho de Vila Nova de Foz Côa. Trata-se de um projecto que vai contribuir para o aumento da oferta turística na zona, uma das lacunas da região, e que deverá ser concretizado com o apoio do actual Quadro Comunitário de Apoio, que termina em 2007.
O maior complexo turístico da zona, da responsabilidade de investidores privados, vai nascer numa área de 127 hectares, entre Arcozelo e Freixo de Numão, e é composto por um “resort” de 372 unidades, hotel de quatro estrelas com 80 quartos, campo de golfe de 18 buracos, marina fluvial para 25 barcos de recreio, cais para embarcações turísticas, heliporto e um centro hípico. Trata-se de um dos cinco grandes projectos turísticos pensados pela Agência Portuguesa para o Investimento (API) para o Vale do Douro, região que é duplamente Património Mundial graças à paisagem vinhateira e às gravuras rupestres do Vale do Côa. «O Douro tem tido muito dinheiro ao longo dos anos, mas nem sempre esse investimento público se traduziu em melhoria das condições de vida das populações. Porque as verbas não chegam, interessa também que haja uma estratégia de desenvolvimento sustentável da região como há agora com este plano», disse Durão Barroso.
Luis Martins