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Primeira fase da PLIE a concurso

Empreitada para infraestruturas está orçada em 5,3 milhões de euros

A Câmara da Guarda vai abrir o concurso público para a construção das infraestruturas da Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial (PLIE), naquela que é a primeira fase do projecto empresarial previsto há quatro anos para a Quinta dos Coviais. Na última reunião do executivo, a autarquia aprovou por unanimidade o respectivo projecto, orçado em 5,3 milhões de euros, para a execução dos trabalhos de saneamento, electricidade e telecomunicações. É o princípio de uma iniciativa muito atrasada e aguardada com grande expectativa na cidade, o problema é que só estão disponíveis 3,2 milhões devendo os seus promotores – autarquia, empresários e associações empresarias – garantir quanto antes os meios financeiros em falta.

Maria do Carmo Borges já disse a “O Interior” que uma parte deste investimento vai ter que ser suportado pelo município, mas espera que o Governo apoie a PLIE, «à semelhança do que acontece com outros concelhos», no acesso ao Programa Operacional de Economia do Centro. «Como é, à partida, um projecto acarinhado pelo poder central, que o considera um exemplo, se tal não vier a acontecer será forçosamente um processo de discriminação negativa para a Guarda», avisa a autarca, que espera ver esta intervenção iniciada no primeiro trimestre do próximo ano para estar concluída a 31 de Dez. de 2005. «Assim o exige o regulamento do Interreg», refere. Iniciada esta fase, o resto do projecto vai ter que aguardar por garantias de financiamento, tendo sido solicitada mais uma reunião com o actual ministro das Actividades Económicas para ultrapassar esta contrariedade e encontrar novas formas de apoio à PLIE. «O anterior ministro tinha aberto todas as possibilidades para que o seu ministério nos pudesse financiar. Como há um novo titular da pasta, o processo atrasou e há que reunir com ele», adianta, indicando não ter ainda data marcada.

Menos optimista está o vereador do PSD Crespo de Carvalho, para quem está mais que visto que a estrutura financeira montada para o projecto continua «muito débil». «O suporte financeiro não está garantido para esta fase um e estamos dependentes ainda da boa vontade do ministro da Economia, que espero que cumpra a promessa do ministro anterior», sublinha. Contudo, para Crespo de Carvalho, esse não é o único problema que se pode atravessar à frente da PLIE e sugere que sejam os próprios accionistas, «ou os investidores necessários», a sustentar financeiramente e «por si só» o projecto. «Se estamos exclusivamente à espera que o erário público e os fundos comunitários suportem esta iniciativa, estaremos a correr o risco de não a concretizar para além do razoável. Já temos bastante tempo de atraso e continuamos a ficar atrasados», lamentou o vereador. Por outro lado, o social-democrata insiste na definição das condições em que a autarquia vai ceder um terreno «devidamente infraestruturado» à sociedade PLIE e nas condições em que esta o colocará à disposição dos empresários: «O investimento só para infraestruturação da plataforma, considerando as três fases, ultrapassa os 10 milhões de euros. O terreno custou já mais de dois milhões, portanto estamos perante um investimento que vai ser difícil sustentar pela própria sociedade. Nesse sentido, terão que alienar os terrenos a custos pouco convidativos para os interessados, o que pode pôr em causa a viabilidade da PLIE no futuro», receia.

Tecnopólo, logística e Área de Localização Empresarial

O Plano de Negócios da futura Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial da Guarda assenta nesta fase inicial em 32 hectares com construção, divididos por 74 lotes, e um investimento previsto de 13 milhões de euros, suportados em 65 por cento nos programas regionais de Economia. O projecto a instalar na Quinta dos Coviais, próximo da localidade da Gata, a poucos quilómetros da Guarda, já tem “luz verde” da secretaria de Estado do Ordenamento do Território no que toca à desafectação da área necessária da Reserva Ecológica Nacional. O Plano de Pormenor, da autoria do arquitecto Bruno Soares, já está concluído e propõe o loteamento dos primeiros 32 hectares da plataforma, nove dos quais irão destinar-se prioritariamente à implantação de projectos âncora na área logística. Já a sede da sociedade deverá ficar instalada edifício com pavilhão multiusos. No resto, tudo indica que a estrutura accionista deverá ser reformulada, nomeadamente com a entrada de uma entidade financeira e com “know-how” neste sector, para além do interesse já manifestado do Conselho Empresarial do Centro (CEC) e da Associação Portuguesa para o Investimento (API) em aderir ao projecto guardense. Falta ainda acertar o preço dos lotes, sendo que o montante mínimo deverá rondar os 50 euros por metro quadrado, embora a lógica do projecto contemple um custo menor nos casos da área necessária ser maior. A PLIE assenta nas vertentes de tecnopólo, logística, Área de Localização Empresarial (ALE) e serviços de apoio e investigação e desenvolvimento, estimando-se que possa gerar mais de um milhar de postos de trabalho na primeira fase do projecto. É uma sociedade com o capital social de 1,5 milhões de euros, com 11 accionistas: Câmara Municipal, NERGA, Associação de Comércio e Serviços do Distrito da Guarda (ACG), Ecosoros, Gonçalves & Gonçalves, IPE-Investimento e Participações Empresariais, grupo JOALTO, grupo Luís Simões, LUSOSCUT (concessionária da A25 auto-estrada das Beiras Litoral e Alta), Manuel Rodrigues Gouveia e SERVIHOMEM-Prestação de Serviços a Empresas. Vai ocupar uma área de cerca de 100 hectares na Quinta dos Coviais, perto da auto-estrada da Beira Interior (A23) e do caminho de ferro (linhas da Beira Baixa e Beira Alta).

Luis Martins

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