Passado um ano, Frederico Lopes, presidente do Cine Clube da Beira Interior (CCBI), vai pedir a demissão do cargo «muito em breve». A decisão foi manifestada na semana passada durante a última Assembleia Geral do clube por «motivos pessoais», mas também por «não ter condições objectivas» para poder desempenhar um bom trabalho, explicou o próprio a “O Interior”.
O professor universitário, que assumiu a direcção do CCBI em Abril de 2003 após a demissão em bloco da direcção liderada por Pedro Ramos em desacordo com a política cultural da autarquia covilhanense, prepara-se agora para seguir o mesmo caminho alegando faltar-lhe «equipa» para assegurar as programações habituais e os ciclos de cinema alternativo na sala do Teatro-Cine e «instalações», confessou. O grupo ocupava uma sala na sede do Teatro das Beiras há quatro anos, mas desde Março último que se encontra sem local para desenvolver as funções logísticas. Na base da decisão de Frederico Lopes está ainda um «certo desencanto» pelo «desinteresse geral» das pessoas em relação ao cinema e às actividades realizadas pelo CCBI. «Não há uma política cultural no país para os espectáculos pouco visíveis», acusa aquele responsável, tendo em conta que ainda não há apoios definidos pelo Instituto de Cinema, Audiovisual e Multimédia (ICAM) para os projectos que o CCBI candidatou, muitos dos quais idealizados pelo jovem realizador do CyberCentro Telmo Martins. «Candidatámos o Novidad (Festival de Cinema Digital) para Outubro ou Novembro, mas estamos em Agosto e ainda não sabemos se há apoios», lamenta Frederico Lopes, cada vez mais convencido que o país vive uma «política cultural de alheamento».
E dada a preferência dos organismos culturais em «promoverem espectáculos visíveis», o presidente demissionário atira mesmo que a prática do CCBI está «completamente em risco. Felizmente que há um curso de cinema na Universidade da Beira Interior», acrescenta, defendendo a junção entre o clube e a UBI. Na última Assembleia Geral foram ainda apresentadas as contas de gestão do CCBI, mas a sua aprovação teve que ser adiada para a próxima reunião, agendada para Setembro, devido a «um erro de cálculo». Seja como for, Frederico Lopes garante que a gestão de Maio a Dezembro de 2003 foi positiva e que as «únicas despesas que não pagámos foram as do Imago», festival que o CCBI realizou em 2002 na Covilhã sob a presidência de Pedro Ramos. Pelo que “O Interior” pôde apurar, a vice-presidente do CCBI também deverá pedir a demissão por motivos pessoais. Mesmo assim, Frederico Lopes garante que o Cine Clube «não vai desaparecer de maneira nenhuma», porque há jovens do curso de Cinema interessados em dinamizá-lo. «Penso que haverá uma equipa com qualidade», assegura. Até lá, será gerido por uma comissão de gestão.
Liliana Correia