Nos últimos tempos, temos assistido a um prolongado e contínuo esventramento das artérias da nossa cidade, acarretando um conjunto acrescido de transtornos para os automobilistas e moradores das zonas intervencionadas. Segundo a autarquia, trata-se de obras de regeneração urbana, tendentes a melhorar a fluidez de tráfego na urbe e, paralelamente, melhorar a imagem da cidade.
No entanto, apesar de ser evidente que havia muitas zonas urbanas cujas vias ombreavam orgulhosamente com bairros de Bagdade, após bombardeamentos aliados, não se compreende a demora ou a pertinência de certos trabalhos que, nalguns casos, cristalizaram no tempo.
É o caso das obras no Bairro da Senhora dos Remédios que, para além de ser densamente povoado, representa uma artéria fundamental para a ligação automobilística, ligeira e de pesados de passageiros, entre a VICEG e o centro da cidade, nomeadamente a zona da central de camionagem para onde confluem dezenas de autocarros diariamente. Não se compreende que há vários meses aqueles trabalhos estejam praticamente parados, provocando, para além do caos viário na zona, uma degradação acentuada de vários componentes dos veículos que aí transitam.
Por outro lado, é de dúbia pertinência a intervenção operada no troço que liga a rotunda da Ti Jaquina à rotunda do Colégio de São José. Aquando da apresentação desse projeto foi anunciada a abertura de uma faixa dupla nos dois sentidos, à semelhança do que já sucede na Av. Monsenhor Mendes do Carmo. Pareceu, no entanto, uma ideia pouco consistente, uma vez que, dada a morfologia da envolvente, era praticamente impossível alargar convenientemente aquela artéria de modo a conferir-lhe o carácter de dupla via, conforme o anunciado. Meses volvidos, a realidade encarregou-se de dar razão a tal inconsistência. Continuamos com uma obra inacabada, que pouco acrescentou ao anteriormente existente e na qual foram gastos (ou pelo menos orçamentados) várias centenas de milhar de euros.
A construção da dita rotunda, sem a conclusão da VICEG, perde o seu principal sentido e
funcionalidade.
Muitas outras situações poderiam aqui ser apresentadas, como por exemplo a estrada do Rio Diz, mas as aqui evidenciadas são já de si sinónimo da gestão municipal da Guarda, ouvindo-se já, jocosamente, dizer que a principal obra do último mandato do atual presidente foi a destruição do quiosque da Ti Jaquina, pois parece que a mega rotunda não tem outra funcionalidade.
Por: Manuel Rodrigues
* Presidente da concelhia da Guarda do PSD
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