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Preguiça Politica

Crónica Política

Decorreu no passado 26 de Fevereiro a sessão da Assembleia Municipal da Guarda.

Porventura tratou-se da sessão mais enigmática a que assisti nos últimos dois mandatos quando já prestes a concluir o terceiro.

Desde logo pela inusitada e inesperada agressividade do senhor presidente do município face à intervenção de um deputado independente eleito nas listas do meu partido.

Inusitado, porquanto na intervenção interpelante pouco houve de novidade em substância apenas e só uns lembretes sobre umas situações cujas explicações já foram prometidas mas que ainda não conheceram a luz do dia.

Agressiva, porquanto não ser possível – quiçá nem desejável – o direito ao contraditório pelo que se tratou de uma investida, sem a devida resposta, que granjeou o apoio dos habituais acólitos destas contendas verbais.

Em rigor tratou-se de uma péssima cena de pugilato político em que houve, lamentavelmente, apenas um contendor que utilizando devidamente as regras regimentais procurou portar-se como um boxeur de categoria B.

Acresce ainda por cima que o discurso, as palavras ditas e acções acusadoras dirigidas ao deputado municipal interlocutor fazem ricochete e apontam também para o apontador.

Por sabermos que a omnipresença não é uma característica do género humano a abstinência verbal teria sido mais boa conselheira.

Por sabermos que nem todos podem frequentar os mesmos locais e às mesmas horas também o libelo acusatório torna-se um despropósito grotesco.

Pessoalmente agradeço ao deputado municipal em causa o que tem feito para valorizar este órgão do poder municipal bem como o seu esforço junto dos presidentes das freguesias. Pedir mais a um cidadão que se desloca de outra cidade fazendo-o com o gosto verificado e pela ligação à sua “raiz” parece-me exagerado…mimoseá-lo da forma observada é o tal convite ao fechamento que nos governa.

Ao poder que temos a governar o concelho, conservador e retrógrado apenas interessa que o curto mundo local seja sempre apresentado arrosado apenas e só!

Mas esta Assembleia Municipal confirmou também a “doutrina circular e preguiçosa” da prática socialista no governo municipal.

Referimo-nos agora à discussão em redor de uma proposta do Bloco de Esquerda para a criação de um gabinete municipal de crise.

A maioria votou contra e a proposta saiu de cena…

A argumentação já é clássica; a Câmara Municipal tem técnicos que estão já a trabalhar para o que foi proposto, a Câmara Municipal até foi pioneira nesta e naquela solução, etc.

Até hoje a única medida para a crise foi o congelamento das rendas das habitações a custos controlados, depois o escalonamento feito nas tarifas da água que bem efectuadas as operações aritméticas resultou em quase dobro efectivo de pagamento para a grande maioria dos cidadãos!

Lamentável e deplorável nos tempos que correm termos uma Câmara Municipal que pense assim, que actue assim que não estimula, não ousa apenas se comporta como uma organização que quase hiberna permanentemente.

Os tempos que vivemos e que viveremos prenunciam a uns e a outros aragens cinzentas. Mas a resposta da nossa Câmara Municipal é um encerrar de janelas para o vendaval passar…

Será que não se compreende que é útil transformar-se numa plataforma de convergência das preocupações de várias entidades que têm vivenciado as dificuldades dos cidadãos para a partir daí operar a montante – junto do poder central – e a jusante, junto da sua comunidade? Será que não é útil incentivar os técnicos na Câmara Municipal a apresentar sugestões que corporizem um eventual programa de acção que não passe apenas pela distribuição exclusiva de apoios mas que resvale também para o incentivo da acção empreendedora?

Temos verificado a adopção de várias medidas por parte de outros municípios, há sempre a possibilidade de se conseguirem um bom naipe de sugestões com uma metodologia adequada.

Em suma inventariar situações, precisar necessidades, convergir soluções, perceber a dimensão financeira, são “propósitos” que deviam já estar no “terreno” a fazer o seu caminho, pois que, mais tarde começando mais difícil vai ser trilhar um caminho que (in) felizmente está já a ser percorrido por outros e, candeia que vai à frente…

Ao fim de tantos e tantos anos do mesmo formato de governo municipal e não verificar uma única e efectiva concepção de política sectorial, mais a mais, quando a isso a realidade exige se não quisermos desde logo verificar ainda uma maior desesperança em se permanecer por estas terras, diríamos que é realmente obra o que não se tem conseguido…

Por: João Prata

* presidente da concelhia da Guarda do PSD

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