O ministro da Economia tranquilizou na semana passada os autarcas dos maiores municípios da Beira Interior, assegurando que a Guarda, Covilhã, Fundão e Castelo Branco também estão abrangidos pelo Programa de Recuperação de Áreas e Sectores Deprimidos (PRASD) e irão beneficiar das medidas de apoio anunciadas pelo Governo. Esta clarificação surgiu depois da Câmara da Guarda ter aprovado por maioria, com o voto contra de Crespo de Carvalho, uma moção em que manifesta a sua «discordância total» com o estudo de Daniel Bessa e as suas conclusões para a Beira Interior. Um documento que foi subscrito, informou Álvaro Guerreiro, vice-presidente da autarquia, pelas Câmaras do Fundão e Castelo Branco.
O assunto abriu a última reunião do executivo guardense, visivelmente surpreendido com os critérios do PRASD e o mapa do “Portugal menos favorecido”, do qual os maiores concelhos da Beira Interior teriam sido supostamente excluídos por apresentarem um índice de poder de compra per capita superior a 75 por cento da média nacional. Guerreiro quis o consenso em torno de um «manifesto» contra a «credibilidade dos critérios do estudo», da responsabilidade da UBI na região, por considerar que os elementos referenciais usados são «falíveis e desajustados». E exemplificou: «A Câmara da Guarda nunca foi contactada, nem há notícia de pesquisa no concelho, o poder de compra foi aferido pelos movimentos das caixas multibanco e, mais grave, o responsável pelo estudo na Beira Interior disse que o mesmo não pôde ser aprofundado por falta de verbas, pelo que tiveram que socorrer-se de amostragens nalguns concelhos», revelou. Daí que, para o vice-presidente da autarquia, o resultado não deva ser um «referencial», mas pode representar «a perda de todo um estímulo financeiro ao desenvolvimento» da Guarda, onde está em curso o projecto da Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial (PLIE), que nem sequer está referenciada no estudo de Daniel Bessa.
Opinião diferente manifestou Crespo de Carvalho, o único vereador do PSD presente, para quem esta manifestação de «inconformismo» não passará disso mesmo se não se promover um «estudo sério e sustentado para sabermos se estamos a ser desclassificados ou nos encontramos ainda a um nível inferior de desenvolvimento». Para tal, propôs a realização de um fórum com as associações do sector, empresários e agentes económicos locais destes concelhos, cujas conclusões poderiam «sustentar a reivindicação de uma resposta concreta aos nossos problemas por parte do ministro», adiantou, considerando que «a política não se pode resumir ao chavão “Quem não chora não mama”. Mas a proposta foi chumbada pela maioria socialista, para quem as medidas anunciadas no âmbito do PRASD (ver edição de 9 de Outubro) são «fundamentais e determinantes» para o desenvolvimento e o crescimento do concelho. «Estar a excluir a Guarda deste percurso é pura e simplesmente retirar os incentivos a uma cidade em crescimento, é premiar pela negativa», avisou Guerreiro. Longe deste cenário pessimista, Carlos Tavares fez questão de esclarecer em Gouveia que a ideia de que a Guarda, Covilhã, Fundão e Castelo Branco tinham ficado de fora do PRASD não tem fundamento.
«Toda os concelhos da Beira Interior, incluindo as capitais de distrito, fazem parte de uma das seis regiões que elegemos como prioritárias para um desenvolvimento mais acentuado e que classificámos como áreas com vulnerabilidades mais acentuadas que outras», referiu o ministro da Economia, anunciando que virá brevemente à região divulgar as conclusões e as recomendações deste programa. «Estas seis regiões não têm todas os mesmos problemas, as mesmas vocações e recursos, por isso vamos percorrê-las para podermos conhecer melhor, discutir as recomendações, detectar vocações relativas e envolver os agentes económicos, porque não é o Estado que vai sozinho resolver os seus problemas, ele pode ajudar», garantiu.
Luis Martins