Arquivo

Praça Velha em obras a partir de segunda-feira

Projecto de reabilitação urbana avança finalmente no “coração” histórico da cidade

É uma das obras mais esperadas no espaço urbano, mas promete também ser uma das mais contestadas consoante a duração e os incómodos causados a comerciantes e automobilistas. Contudo, a segunda tentativa de intervir na Praça Velha parece estar irremediavelmente em curso, numa altura em que a necessidade de uma reabilitação é cada vez mais consensual no meio autárquico e técnico. Inviabilizado o túnel entre as ruas 31 de Janeiro e do Comércio, inicialmente previsto nos planos do Polis, e esquecida a polémica de há oito anos atrás, quando se propôs a substituição da estátua de D. Sancho por uma fonte luminosa, a proposta de Camilo Cortesão aposta na discrição para realçar a solenidade do espaço, dominado pela Sé Catedral que continuará a coroar um cenário medieval praticamente preservado.

Já a estátua do rei fundador da cidade, implantada desde 1953, tem o destino traçado. Sai do centro da praça para um lugar mais recatado, mas nada de a atirar para outro enquadramento, uma vez que o novo destino de D. Sancho passa para junto da fachada Sul da catedral, no enfiamento da Rua da Torre, para que a Sé continue em pano de fundo. Uma mudança que será fundamental para se ter o efeito de perspectiva da praça e libertar os ângulos de visão sobre o monumento nacional e verdadeiro “ex-libris” da Guarda. Camilo Cortesão adianta que este tipo de intervenção «passa sempre por uma primeira fase de resistência e normalmente por uma segunda fase de grande adesão» face aos resultados obtidos. Mas o arquitecto não abdica do fim dos estacionamentos e do reordenamento do trânsito, acreditando que «se não resolvermos isso, então o projecto é incompatível, porque não se pretende mudar radicalmente a paisagem, antes pelo contrário, o objectivo é realçar o que já existe», sublinha, defendendo que a circulação automóvel na praça seja «desincentivada». Só assim os peões poderão usufruir da Praça Velha «sem barreiras», acrescenta Cortesão, que propõe uma escala diferente para o local ao deslocar a estátua de D. Sancho para o enfiamento da Rua da Torre. Uma nova implantação que o arquitecto não considera subalterna, acreditando ser antes «um lugar mais digno que o actual ao ganhar uma posição mais importante na composição do espaço», refere, desvalorizando o assunto. Na sua opinião, a estátua «não tem importância nenhuma, porque está ali há menos anos que o resto dos elementos da praça», classificando mesmo de «ridícula» a posição central de D. Sancho.

Luis Martins

Sobre o autor

Leave a Reply