41 anos depois dos antigos deputados, eleitos pela marcelista Acção Nacional Popular, Francisco Sá Carneiro, Magalhães Mota e Pinto Balsemão, fundarem o PPD (Partido Popular Democrático), eis chegado o momento de fazer a história de um partido que conta já com muitas histórias.
Os 3 “mosqueteiros” perceberam que no quadro político, saído da revolução do 25 de Abril, era possível e conveniente preencher o espaço que separava o saudosismo de múltiplos sectores de direita e o já instalado PS. Daí terem optado pela escolha da cor, e do símbolo (as 3 setas eram farpas contra o nazismo, o comunismo e a monarquia, que segundo Pedro Roseta, os resistentes alemães usavam para danificar o efeito da cruz gamada, pintando-os por cima do símbolo do nacional socialismo), o que dava garantia da equidistância necessária ao conservadorismo reacionário e à inspiração marxista, de onde resultou um partido republicano, semi conservador, semi liberal, com alguns traços social-democratas, o que fez com que Francisco Sá Carneiro tentasse, logo de imediato, modificar o nome de PPD para PSD (Partido Social Democrata), pois a motivação e a vocação era ser poder e governar, traduzindo-se isso no precioso reconhecimento internacional, solicitando de imediato a sua integração na maior família mundial, que alberga os partidos socialistas e social-democratas, o que de facto não foi aceite, pois contou com a permanente oposição de Mário Soares, na altura vice-presidente da Internacional Socialista, que tudo fez para que o PPD/PSD não entrasse, percebendo-se que ainda hoje o PSD, no Parlamento Europeu e nas instâncias internacionais, seja e esteja integrado numa família esquisita, sentando-se na mesma bancada de conservadores e direitinhas europeus.
Nestes 41 anos de existência, o PPD/PSD, ganhou quase tudo o que havia para ganhar e perdeu quase tudo que havia para perder. Conseguiu, com a ajuda dos socialistas, e, pela primeira vez na sua história, eleger o pior Presidente da República do pós-25 de Abril, mantendo, no seu seio, inúmeras fações, jogos de poder e ambição, clientelas, baronatos e quintarolas, ou não fosse mesmo um partido de poder.
Com a eleição de um novo líder, coube-lhe definir novos conteúdos programáticos, acabar com as guerras intestinas, criar estatuto de líder da oposição, posicionar definitivamente o partido, cortar com algum passado, que alguns barões teimam em manter, respeitar a história e dinâmica e dar consistência ao discurso e à ação política.
O que efetivamente aconteceu com o líder mais à direita que o PSD conheceu foi a firme determinação de dar inúmeras alegrias aos proxenetas da “troika”, com políticas destinadas aos mesmos de sempre, enredando-se numa teia de contradições, destruindo por completo a classe média, mandando emigrar a categorizada juventude, num aumento significativo do desemprego, na falência de empresas, na aposta nos cortes e baixos salários, destruindo quase por completo o Estado social, percebendo-se que a diferença entre a direita de Sócrates e a esquerda de Coelho é o encontro de soluções políticas para tramar o Zé Povinho.
Nesta sociedade onde a justiça não funciona, o medo ganha forma, os pobres na ordem dos milhões, os novos pobres uma realidade, as trapalhadas uma certeza, os escândalos, os desvios, as vigarices bancárias uma pouca vergonha, o lançamento de livros biográficos uma constante, e os processos do presidente e, pelos vistos, do vice-presidente e porta-voz a acontecerem, torna-se necessário, imperioso e urgente credibilizar a política, aceitando como válidos princípios e valores que respeitem o normal funcionamento das Instituições e tenham como principal objetivo o respeito pelo Homem, pelo seu trabalho, onde a justiça, a moral, a ética, a liberdade e a paz sejam alvos a atingir.
Neste 41º aniversário do PSD, olha-se e vê-se um partido com consistência ideológica indefinida, aliado ao CDS, (não soube ou não quis governar ao centro), teimando a todo custo passar a esponja pela politica liberalóide praticada nos últimos anos utilizando para tanto argumentos de um chico espertismo, sem limites, onde a desfaçatez é useira e vezeira, recorrendo de forma obstinada à exploração da memória curta e onde o líder, completamente impreparado, qual último dos moicanos, tenta a todo o custo permanecer mesmo percebendo que foi o pior dos piores desde 1974.
A política é feita de timings e de ciclos. É mesmo por isso que espero sinceramente que o de Pedro Passos Coelho chegue rapidamente ao fim mesmo percebendo o esticar da corda por parte daquele que é apenas Presidente de uns tantos.
Se o lema da coligação é o estafado, idiota e contraditório argumento “não podemos voltar atrás”, e pedindo que “Não TAP os Olhos”, apenas direi que estou inteiramente de acordo com o cartaz de pré-campanha do PSD que refere: “Acima de tudo, Portugal”.
Por: Albino Bárbara