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Poucos produtores e muita chuva marcaram I Festa do Vinho e das Vindimas

Junta de Freguesia conta com o novo Centro Cultural para albergar a edição do próximo ano

Terminou no domingo a I Festa do Vinho e das Vindimas, que decorreu durante quatro dias em Vila Nova de Tazem, Gouveia. A pouca adesão de produtores, engarrafadores e adegas cooperativas e o mau tempo marcaram esta iniciativa organizada pela Adruse – Associação de Desenvolvimento Rural da Serra da Estrela, em parceria com o Nerga – Associação Empresarial da Região da Guarda. Vicissitudes que levaram à anulação das provas de vinho marcadas para sexta-feira e sábado, bem como a actuação de alguns grupos agendados sobretudo para o fim-de-semana.

Ao contrário do esperado, a Av. Dr. Joaquim Borges (Av. da Igreja), encheu-se não de produtores de vinho, mas de expositores de artesanato. Apenas as cooperativas de S. Paio e da vila anfitriã estiveram presentes, ao lado das quintas dos Garnachos e da Espinhosa. «São muito poucos, nomeadamente na região onde estamos», desabafou fonte da organização, explicando que os contactos foram feitos pelo Nerga mediante uma listagem fornecida pela Adruse relativa à sua área de intervenção, que abrange cinco concelhos na orla da Serra da Estrela. Carlos Ferreira, proprietário da Quinta dos Garnachos, lamenta que os colegas não tenham aderido, acreditando que «como eu fui contactado, também eles devem ter sido». Ainda assim, o seu stand era o mais concorrido na tarde chuvosa de sábado, marcada também por um funeral que obrigou ao silêncio. Apesar disso, Ferreira ainda disse a “O Interior” que também a actividade vitivinícola está «cinzenta» e o sector dos vinhos «realmente em queda», sobretudo para produtores e engarrafadores. Já o lançamento dos produtos é mais complicado ainda numa altura em que há muitas marcas no mercado, muita concorrência e muito vinho importado de «fraca» qualidade. Daí o produtor estar a virar-se para o mercado francês, como pediu Bianchi de Aguiar, secretário de Estado do Desenvolvimento Rural, na cerimónia de inauguração do certame.

«Há plena consciência de que produzimos mais do que as necessidades nacionais e por isso temos que apostar na exportação», disse o governante, realçando que os portugueses oferecem «qualidade e boas condições» para estarem ao pé de entidades internacionais. Já Álvaro Amaro, presidente da Câmara de Gouveia e da Adruse, considerou serem este tipo de iniciativas que dinamizam o sector do vinho. Antes do corte da fita, Bianchi de Aguiar passou por mais uma edição da Feira de Agricultura Familiar de Gouveia e apadrinhou a assinatura de protocolos entre a autarquia, a Adruse e a cooperativa de produtos naturais “Terra Preservada”. «Um pequeno toque de modernidade que constitui um valor acrescentado muito grande para o consumidor, que quer ter segurança no que está a comer», disse o secretário de Estado, garantindo que o Governo está disposto a apoiar a comercialização desta marca de produtos biológicos através dos fundos do Leader. Além disso, o governante foi ainda ao centro de cria de borregos, onde o objectivo é preservar a ovelha bordaleira. Quanto ao futuro da Festa do Vinho e das Vindimas, Gustavo Quintela, presidente da Junta de Vila Nova de Tazem, espera que a próxima edição já possa realizar-se no novo Centro Cultural, cujo contrato de construção vai ser assinado a 18 de Novembro. Para este ano fica a «tristeza» de não ver os produtores locais, que «têm bom vinho e precisam de ser divulgado», realça o autarca, justificando que a escolha desta data se deveu ao antecipar das vindimas que «complicou a organização toda». A festa custou cerca de 40 mil euros, sendo 75 por cento pagos pelo programa comunitário Leader e 25 por cento pela Adruse.

Rita Lopes

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