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Posso estar errado

Corta!

Por um variadíssimo conjunto de razões, o Corta! não viu, na semana que passou, nada de novo no cinema. E quando aqui falo de não viu nada de novo, digo-o literalmente. De todos os filmes recentemente estreados, e em cartaz, nenhum foi suficientemente convincente para uma ida ao cinema. Claro que numa situação normal tal não teria servido de impedimento para ir ver alguma coisa, mesmo fraca ou má. Mas a semana que passou não foi, para o escriba deste espaço, uma semana que se possa considerar normal. Sem entrar em pormenores do foro pessoal (a necessidade de privacidade assim obriga e também porque, certamente, ninguém estaria interessado em tal) o que se segue, talvez pela primeira vez na longa história da crítica cinematográfica, é um rol de motivos que levaram alguém a não ir ver determinados filmes.

Do leque de filmes disponíveis, a maior estreia da semana talvez tenha sido O Novo Diário de Bridget Jones. O que começou por ser um enorme sucesso de literatura (?!) transformou-se, há uns anos, com igual sucesso, num filme. Se o primeiro já não era lá grande coisa, os motivos para ir ver segunda dose do mesmo não existiam de todo. Adiante…

O mais forte candidato, nestes últimos dias, a ter direito a uma espreitadela foi mesmo The Forgotten – Misteriosa Obsessão. Um filme que conte com a presença de Julianne Moore, por aqui, é logo rodeado a marcador vermelho. Mas claro que isto foi antes de ver o trailer do filme, pois depois de o ver, a vontade desaparece totalmente. Uma mulher, de um momento para o outro, depara-se com o desaparecimento do seu passado?! Até poderia ser interessante, mas rapidamente nos apercebemos que, as probabilidades de tal acontecer, são ínfimas. E para mais um filme que tenha a palavra Misteriosa ou Obsessão no título lembra logo prateleiras de clube de vídeo. Se tiver as duas no mesmo título não há escapatória possível. Daqui a uns meses será visto em casa.

Outro que depois de visto o trailer só dá vontade de fugir é o francês RRRrrrr!!! (mais R menos R o título deverá ser este). É realmente impossível não rir de tanta estupidez, mas é quase impossível imaginar levar com aquilo hora e meia. A ideia que dá é que o filme será um cruzamento entre o non-sense dos Monty Pithon (mas de onde retiraram apenas isso e nada mais) e o que de mais primitivo e estúpido têm os nacionais Malucos do Riso. Claro que estes últimos são um caso de sucesso no nosso país, mas disso não tenho eu culpa. A concorrer no mesmo campeonato, de parvoíces, mas vindo do outro lado do Atlântico, é Uma Questão de… Bolas. Pelo trailer percebemos desde logo que aquilo só mesmo uma criança de cinco anos, com mentalidade de uma criança de dois, conseguirá apreciar. Neste, ao contrário do filme dos R’s, nem vontade de rir ou chorar dá. E já vamos com quatro descartáveis.

Nos independentes americanos andam por aí dois filmes que alguma da crítica até tem dito maravilhas, mas as imagens previamente vistas não deixam entender o seu porquê. Para além disso, depois da dose Sundance no IndieLisboa, onde por lá passaram muitos semelhantes a estes, deixam pouco ou nenhuma vontade para ir ver Desencontros ou Velocidade Pessoal, os filmes em questão.

Como o título deste artigo diz, com estas opiniões, a partir do visionamento apenas dos seus respectivos trailers, poderei estar redondamente enganado. Mas se o objectivo desses mecanismos de promoção é levar alguém a ver o filme, mostrando da forma mais entusiasmante possível aquilo que o filme, no seu todo, nos poderá depois oferecer, nem quero imaginar o que seria se os tivesse ido ir ver. Talvez um dia consiga perceber se estava realmente certo, ou não, nas minhas impressões, mas para já aguardo por melhores semanas.

Por: Hugo Sousa

cinecorta@hotmail.com

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