Arquivo

Possível extinção da DRABI provoca descontentamento

Distrital do PSD de Castelo Branco considera que a medida constituirá um «grave retrocesso»

A distrital do PSD de Castelo Branco não se conforma com a possível extinção da Direcção Regional de Agricultura da Beira Interior (DRABI), que deverá ser absorvida pela sua congénere da Beira Litoral, sediada em Coimbra. Confrontado com esta possibilidade, Fernando Cabral, presidente da Federação Distrital do PS da Guarda, garante que ainda é prematuro falar em tal cenário. No entanto, sempre sublinha que não concordará com essa medida, caso venha a ser tomada.

Recorde-se que o ministro de Estado e da Administração Interna, António Costa, anunciou recentemente que o Governo já iniciou o processo de fusão e extinção de concelhos e freguesias, no âmbito da reforma da administração do território. Na mesma ocasião, o governante salientou que o executivo, liderado por José Sócrates, está a dar «o exemplo de racionalização e reorganização» da Administração Pública, devendo todos os serviços desconcentrados estarem, até final de 2007, organizados ao nível das áreas geográficas das cinco regiões com Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR). É neste contexto que se insere a previsível extinção da DRABI, bem como de outros serviços desconcentrados do Estado na Beira Interior. Contactado por “O Interior”, o presidente da Federação Distrital do PS da Guarda desdramatiza este cenário, considerando ser «prematuro que se esteja a dizer que a DRABI vai acabar e que vai ficar tudo centralizado em Coimbra». De resto, Fernando Cabral relembra que o programa do Governo apenas menciona uma «harmonização de serviços», de modo a garantir uma melhor gestão dos recursos disponíveis, dando o exemplo de concelhos como Aguiar da Beira e Vila Nova de Foz Côa, que estão inseridos noutras Direcções Regionais de Agricultura. No entanto, caso a extinção da DRABI venha a concretizar-se, o socialista afirma discordar: «A sede desse eventual serviço deve ficar localizada num dos distritos do interior e não no litoral para não haver cada vez mais desequilíbrios regionais», adverte.

Já Carlos S. Martinho, presidente da distrital do PSD de Castelo Branco, realça que «o interior, de forma gradual, mas acelerada, vai sendo, não só desprezado pelas políticas do PS, mas até esvaziado das poucas regalias que arduamente tinha conquistado ao longo de décadas». No mesmo sentido, frisa que «a alegada defesa do interior, tanto apregoada pelo PS durante a campanha, não passou de mais um golpe de ilusionismo político para obter o apoio das populações». Assim, o PSD manifesta a sua «mais profunda veemência» contra esta «injusta medida» que, na sua opinião, terá «evidentes e graves consequências» para o futuro da agricultura e da pecuária de todo o interior, «podendo mesmo pôr em causa a consecução dos projectos em curso na região», alerta. Para Carlos S. Martinho, a possível extinção da DRABI constituirá um «grave retrocesso» no processo de descentralização administrativa do país, «voltando, mais de duas décadas depois, a colocar os agricultores e produtores da Beira a centenas de quilómetros» dos orgãos competentes. Face a este cenário, o presidente da distrital social-democrata albicastrense apela a todas as forças vivas do interior, bem como à população em geral, entre outras entidades, para que se unam «na contestação e luta contra esta medida gravemente atentatória». Apesar das várias tentativas, “O Interior” não conseguiu obter o comentário de Ana Manso, líder distrital do PSD da Guarda.

Ricardo Cordeiro

Sobre o autor

Leave a Reply