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«Portugal tem capacidade para a profissionalização do futsal»

Cara a Cara – Roger Augusto

P – Num resumo da sua carreira, como chegou de Vale Formoso até ao Nacional de Futsal?

R – Vivi em Vale Formoso até aos 9 anos, depois disso os meus pais mudaram-se para Lisboa e adaptei-me aos desportos mais urbanos. Algumas das minhas férias já eram passadas nos Olivais, onde cada canto tem um ringue, daí o gosto pelo futsal. Mais tarde, com o serviço militar, acompanhava de perto grandes equipas, já que uma delas, de seu nome “Os Indomáveis”, treinava mesmo dentro do campo de Santa Margarida. Depois passou a ser ao contrário, quando estava em Lisboa passava férias em Vale Formoso, onde temos um excelente pavilhão para uma aldeia como a nossa, e que era mais um motivo para jogar futsal. Fui militar profissional durante nove anos e quando terminei a minha licenciatura fui convidado pelo professor Francisco Batista para o acompanhar como adjunto no Santa Susana e Pobral. Apesar dessa proposta não ter passado disso mesmo, fui muito persistente e acabei por ficar. Um dos pontos que realmente ajudou na minha formação foi o mestrado na Universidade de Extremadura, conciliado com um estágio no Playas de Castellón, o campeão europeu de futsal na altura, onde tive um verdadeiro contacto com uma grande estrutura, Depois passei pelo Benfica onde fizemos um grande trabalho, o que abriu algumas portas. Entre elas, a do Melilla (Espanha), onde existe tanta competência técnica e provei que tinha capacidade. Depois, por falta de estrutura, voltei a Portugal e decidi abraçar este novo projeto do Operário (Açores).

P- Qual o segredo por detrás de uma equipa que ainda há duas épocas competia na III Divisão?

R – O segredo baseia-se no facto do clube ter tido sempre estruturas que potenciaram essa possibilidade de subida. Aliás, se assim não fosse, era impossível termos feito o que fizemos desportivamente. Trabalhamos sempre nos limites, com o objetivo de estarmos ao nível dos clubes do continente.

P – Que balanço faz da participação do Operário no Nacional de Futsal até ao momento e quais os objetivos para o que resta da época?

R – Tendo em conta que é uma equipa nova, penso que o balanço é bastante positivo, até porque neste momento estamos dentro dos “play-offs”. A direção quer a manutenção e o grupo de trabalho tem isso em mente, é esse o nosso objetivo e é para isso que trabalhamos. Mas como neste momento estamos no lote de oito equipas que se apuram para os “play-offs”, vamos tentar também lutar por isso.

P – Já foi sondado para treinar outras equipas?

R – Isso não é importante neste momento. Sempre terminei os contratos, espero fazer o mesmo aqui e, por isso, até Junho a minha vida profissional será passada a treinar o Operário. Depois vamos ver, estou habituado a ter contratos de uma época de cada vez e o meu presidente também prefere essa modalidade.

P – Tem ambições de vir a treinar equipas de outra dimensão, como Benfica ou Sporting?

R – Já estive no Benfica, apesar de na altura não ser o treinador principal. A minha única ambição neste momento é ganhar desportivamente o máximo que for possível. Além disso, como profissional e agente desportivo, tenho de estar preocupado em ajudar para que existam mais clubes como o Sporting e o Benfica no futsal nacional. Portugal tem capacidade para ter uma outra organização na modalidade que permita a sua profissionalização. Temos bons técnicos, bons jogadores, alguns dos melhores do mundo, e temos de tirar partido disso. É preciso vender formação e conhecimentos para outros países, pois o futsal tem retorno praticamente imediato a cada fim-de-semana sem que sejam precisos milhões e a mobilidade dos adeptos e equipa ajuda as regiões no retorno do investimento.

Roger Augusto

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